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Banner exibe uma das capas da revista “Maria Erótica e o Clamor do Sexo”. |
Por Julmara Mendes
A
palestra “Maria Erótica e o Clamor do Sexo”, proferida por Gonçalo Junior,
ocorreu às 18h do último sábado (27) na sala da Gibiteca, no Solar do Barão. Junior,
jornalista e advogado, trabalhou em jornais e revistas, também foi editor do
telejornal RedeTV News.
Apesar de
contar com um modesto público, todos ouviram atentamente as revelações feitas
por Junior - desconhecidas pela maior parte das pessoas ali presentes - sobre a
extinta editora Grafipar, do empresário Faruk-el-Khatib – a primeira grande
editora de quadrinhos a sair do eixo Rio–São Paulo.
Ao longo
da palestra, Junior faz um breve relato dos últimos 30 anos, tentando resgatar
a história dos quadrinhos no Brasil. “A revista ‘Peteca’ inaugurou a série de
publicações eróticas da Grafipar, seguida por ‘Personal’ e ‘Eros’. O sucesso da
editora foi tão grande que vários desenhistas, entusiasmados, se mudaram para
Curitiba, como Bonini, Gustavo Machado, Watson, Flávio Colin, entre outros”,
relembra.
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Pessoas assistem a palestra de Gonçalo Junior. |
Com ar
nostálgico, Junior contou como escritores de renome também vieram para
Curitiba, atraídos pelos altos salários: “Coincidentemente, ao chegarem à
capital paranaense, os artistas alugaram as casas no bairro Três Marias,
próximo ao clube de mesmo nome e a notícia de que havia uma vila só de
quadrinhistas logo se espalhou”.
Na
tentativa de passar uma imagem positiva, ressaltou a importância da história da
Grafipar afirmando que jamais fez revista de sacanagem. Faruk-el-Khatib,
empresário sério, sempre foi chamado para palestras e eventos, tamanha a sua
importância no cenário nacional. Outro grande nome foi Cláudio Seto,
responsável pelo setor de quadrinhos da Grafipar desde 1978 e que ressuscitou a
personagem “Maria Erótica”. Considerado o maior artista de HQ dos últimos 30
anos, desde o surgimento da editora Edréu, em 1967, Seto morreu em 2008, vítima
de derrame.
Em seu
livro “Maria Erótica e o Clamor do Sexo”, Gonçalo Junior conta a história do
surgimento do movimento de quadrinhos da Grafipar e de seu líder, Cláudio Seto,
como um dos introdutores da linguagem do mangá no Brasil. Aborda assuntos
polêmicos como o comunismo e a censura na ditadura militar - de 1964 a 1985 -
período em que o poder no Brasil esteve nas mãos dos militares. A Revolução
Sexual deflagrada pela pílula anticoncepcional e a contracultura do pós-guerra
transformaram o sexo num problema de segurança nacional.
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Gonçalo Junior contou um pouco da
história da editora Grafipar.
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“Após 21
anos de perseguição, repressão, censura, apreensões, queima de material, etc.,
a Grafipar fecha suas portas definitivamente tendo - por uma incrível
coincidência - a mesma duração da ditadura, que também acaba em 1985”, conclui
Junior.
Durante a
palestra, a presença de Gustavo Machado se destacou dentre os presentes.
Nascido no Rio de Janeiro, o artista iniciou como desenhista do Sítio do
Pica-Pau Amarelo e, posteriormente, trabalhou na editora Abril com o “Zé
Carioca”, “Os Trapalhões”, “Gugu”, “Mulan”, “Tarzan”, dentre outros, com
destaque para “Didi Volta para O Futuro”.
“Pessoalmente,
gosto muito do trabalho do Laerte, da nova geração. Mas, os eternos Ziraldo e
Maurício de Souza, são muito bons, cada qual no seu ramo”, responde Machado
sobre quem seriam os melhores desenhistas da atualidade.
Desenhista
premiado, atualmente vive em Londrina e trabalha como ilustrador de material
didático, apesar de ainda produzir desenhos - atividade que mais gosta. Quando
perguntado sobre qual seria o seu melhor trabalho, destaca “Os Trapalhões –
Didi Volta Para O Futuro”, da editora Abril, lançado em 1992, no Solar do Barão.
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Gustavo Machado é um dos grandes nomes do
cenário nacional.
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Fotos: Julmara Mendes
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