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Mawil
(centro), acompanhado da intérprete (à esq.) e de Reinhard Sauer (à dir.)
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Por Julmara Mendes
O
berlinense Markus Witzel – mais conhecido como Mawil – marcou presença na
palestra “Reportagens em Quadrinhos na Alemanha”, que ocorreu no último sábado
(27), no Espaço Fábrika. O evento faz parte da programação da Gibicon 2012, que
aconteceu em Curitiba.
Contando
com a tradução de uma intérprete e sob a mediação de Reinhard Sauer – diretor
do Goethe-Institut de Porto Alegre - Mawil falou aos presentes sobre as suas
experiências com os quadrinhos, desde que começou a estudar design de
comunicação na Escola Superior de Artes, em Weißensee, Alemanha.
Como tudo começou
Mawil fez
um breve relato de como surgiu o primeiro livro, enquanto ainda estudava. “A ideia
era montar um livro, junto com mais cinco colegas (que tinham experiência em
desenho gráfico), no qual cada um contaria as suas próprias experiências em
Berlim”, explica ele.
“Então, saímos
às ruas para coletar todo o tipo de informação sobre tudo o que observávamos
nas ruas, nas discotecas, etc.. Naquela época, tudo era muito difícil e
perigoso. Ainda existia o muro que separava a Alemanha Oriental e Ocidental e,
por causa disso, os jovens eram obrigados a criar códigos de reconhecimento nos
locais em que os ‘membros da gangue’ se reuniam. Afinal, eles tinham que saber
qual campainha tocar para poder entrar” – conclui Mawil, de forma bem humorada.
Ele ainda
conta que o seu professor gostou tanto de uma de suas histórias – “Sobre a
procura de uma república estudantil para três” - que resolveu aceitar essa HQ
como trabalho de conclusão do curso (TCC).
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O primeiro
livro de Mawil, "Alltagsspionage" (Espionagem do cotidiano),
publicado em 2001, em parceria com colegas da faculdade.
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O livro
“Operation Lackerli”, publicado em 2004, foi criado a partir de um convite que
Mawil recebeu para retratar a história de um rio da Basileia que, de tão limpo,
dá para se tomar banho. As pessoas que lá frequentam costumam subir de biquíni
e, após banharem-se no rio, vestem as roupas que estão na mochila. O forte do
livro é que os participantes fizeram suas autobiografias, pois cada um
trabalhou conforme a sua visão para poder retratar a Basileia, cidade do
noroeste da Suíça.
Autobiografia e identidade
Mawil afirma
que faz todos os trabalhos de memória. Os amigos que aparecem nas histórias são
autobiográficos. No seu estilo peculiar, ele diz que se quiser retratar Paris,
por exemplo, não há a necessidade de colocar a Torre Eiffel atrás. Ele prefere
observar o jeito das pessoas, os movimentos, ônibus passando, etc.
Com
relação aos quadrinhos na Alemanha, Mawil finaliza dizendo que, apesar dos
alemães terem sofrido forte influência dos japoneses e americanos, agora as
suas escolas já têm a sua própria identidade. Além dos desenhistas virem das
Escolas de Belas Artes, eles contam muito com a força do Goeth-Institut, que
muito contribui para propagar esses trabalhos, com maior qualidade.
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Mawil
(centro), acompanhado da intérprete e de Reinhard Sauer (dir.)
No telão, o
livro “Operation Lackerli”, encomendado pela Basileia, após o sucesso do
primeiro livro.
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