Gastar dinheiro na segunda edição da Gibicon - Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba era algo relativamente fácil. Durante o último fim de semana, o evento contava com uma feira de encher os olhos de qualquer fã de HQs e cultura pop. Nossa repórter Giovanna Tortato levou o sobrinho às compras e o resultado da experiência você confere neste vídeo, com imagens e edição de Gabriella Maciosek e Gabriela Stall.
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Mesa debate a produção profissional de tirinhas
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Chargistas discutem formato de tiras na Gibicon. |
Discussão reuniu profissionais que trabalham em jornais e na internet. Autores comentam dificuldade do formato e como conseguir sucesso nessa área
Por Altair Silva
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Os autores falaram sobre o espaço que se tem para trabalhar com tiras no Brasil. “Há muita diversidade. Hoje em dia a gente tem acesso a tudo com mais facilidade, e é assim para o autor. Sou bem otimista”, comenta Cafaggi
Pryscila Vieira, chargista da Folha de São Paulo, diz para os iniciantes na área investirem no próprio traço e ter determinação. "Mostre os trabalhos aos editores, participe de concursos e os exponha na internet.Faça tudo que puder. Mesmo que não dê dinheiro, faça por vontade, por gostar. Mesmo que não goste de rede social, crie contas para poder divulgar seu trabalho."
Carlos Ruas, blogueiro do site Um Sábado Qualquer, diz que é difícil fazer charge diariamente, pois você tem que pensar muito e a charge tem que sair de qualquer jeito. Portanto, a pressão e a cobrança fazem parte. Por isso, ele procura aproveitar o máximo seu tempo. Ruas fala que costuma agilizar seu trabalho. "Eu vim de avião para cá [ele é do Rio de Janeiro], fiquei meia hora no aeroporto e pensei em fazer tiras. Nesse tempo, criei cinco. Fiz para a semana inteira”.
Já Benett, com muito humor, comenta sobre como faz para ganhar tempo. "Uso um método bem cretino para isso. Hoje, por exemplo, eu mandei para o jornal uma bem antiga, de 2009”. Indagado sobre se algum leitor percebe quando ele envia uma charge repetida, ele disse que até hoje nunca aconteceu.
Quadrinistas lançam gibi sobre bullying na Gibicon
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Público confere lançamento de HQ sobre bullying na Gibicon. |
HQ foi escrita por Rafael Camargo, Rafael Bonfim, Kleber Santos e Paco Steinberg, que participaram de uma mesa para discutir o tema com o público
Por Altair Silva
A segunda edição da Gibicon - Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba contou com o lançamento, no dia 4, de um gibi que estimula o combate ao bullying nas escolas. A ideia foi criada colocada em prática pelos chargistas Rafael Camargo, Rafael Bonfim, Kleber Santos e Paco Steinberg, que falaram sobre a importância de trabalhar o tema nas escolas durante a celebração.
Na mesa de debate, os autores discorreram sobre o assunto que tem sido bastante discutido nas escolas e na mídia. Na visão dos palestrantes, o bullying pode causar traumas e problemas psicológicos numa pessoa para uma vida inteira. O gibi mostra uma história em que a vítima tem dificuldades nas escola e isso acaba afetando no seu dia a dia e no seu comportamento em geral, isolando-o dos amigos e dos seus próprios pais. A resolução ao problema aparece quando ele resolve contar tudo para os seus pais.
O projeto visa levar a importância de os alunos ajudarem no combate, através depoimentos para os pais, professores, pedagogos e direção das escolas. De acordo com os chargistas, os que testemunham essa prática não devem participar e também têm como dever comunicar a escola do ocorrido.
Estavam presentes no evento pessoas iniciantes no ramo dos quadrinhos, como a catarinense Vanessa Bencz, 30, que é de Joinville e vai lançar um gibi que apresenta uma personagem que sofre com o olhar da sociedade, que a julga estranha. “A minha cidade tem poucos trabalhos sobre isso, então meu projeto é lançar esse trabalho e mostrar os valores de pessoas como a personagem criada”, diz Vanessa.
Para Rafael Bonfim, o bullyng acontece com crianças vulneráveis, que acabam sendo mais “frágeis” e viram alvo das brincadeiras ofensivas, e essa prática acontece com a participação de várias pessoas, nunca de uma única. Geralmente é com participação coletiva de alunos que tiram sarro da vítima.
terça-feira, 16 de setembro de 2014
Veja um vídeo com os melhores momentos da segunda edição da Gibicon
Vídeo com os melhores momentos da segunda edição da Gibicon - Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba. A produção e a edição são das repórteres Gabriela Stall e Gabriela Maciosek. O vídeo foi realizado em setembro de 2014.
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Quadrinistas curitibanos discutem os desafios da produção local
Artistas têm como meta criar público e uma identidade para os quadrinhos locais. |
Por Carolina Baggio
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Na última tarde da Gibicon em Curitiba, os quadrinistas curitibanos Lobo Limão (Yoshi), Antônio Eder, André Caliman, José Aguiar, Liber Paz, Leonardo Melo, Bianca Pinheiro, André Ducci falaram sobre suas influências e o papel da cidade de Curitiba em suas histórias. Na ocasião,eles discutiram também sobre os desafios e dificuldades de produzir e sobreviver da venda de histórias em quadrinhos.
As influências desses artistas são diversificadas, desde Leminski até desenhos da Disney. Não há um consenso sobre o estilo próprio de Curitiba nos quadrinhos. “Curitiba é o nosso pano de fundo mas não podemos ser piegas”, diz o quadrinista Antônio Eder. Com isso, as perspectivas são construir um público local e deixar uma marca curitibana nas produções. Para o quadrinista Andre Ducci, é um desafio descobrir o estilo curitibano. “Não somos europeus, não somos o Brasil estereotipado com carnaval e calor. Isso pode ser um problema ou uma liberdade para a criação."
Outro desafio é conseguir sobreviver fazendo quadrinhos. Liber Paz é quadrinista e professor do Design da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) conta que a maioria dos artistas começa a escrever quadrinhos porque tem algo a dizer, quer colocar ideias e inquietações. Depois é que vem a preocupação com o mercado e com as vendas. Para ele é difícil alguém ter como profissão única quadrinista. Não há garantia de retorno financeiro.
Diante dos desafios e dificuldades, os quadrinistas curitibanos ressaltam a importância de eventos como a Gibicon, que viraram a vitrine da produção curitibana. Antônio Eder diz que identificou 15 lançamentos nessa Gibicon. Houve um aumento da produção em relação ao primeiro encontro. Ele ressalta que é uma oportunidade de expor os trabalhos e conhecer outras produções. A meta hoje é produzir para os encontros, produzir coletâneas de mais de um autor e construir um público consumidor de quadrinhos.
Na platéia, Luis Virgílio Caldas, fã dos quadrinistas curitibanos, veio de Ponta Grossa (PR) para pegar autógrafos dos autores. Ele conta que acompanha os lançamentos e aproveitou o encontro para conhecer pessoalmente os autores que admira.
Processo de edição em pauta durante a Gibicon
Mesmo com pouca divulgação de quadrinhos no país, profissionais ainda se sentem realizados ao trabalhar na área
Por Sara Erthal
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No terceiro dia (07) de Gibicon - Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba, o Cine Guarani reuniu grandes editores como Claudio Martini (Zarabatana), Guilherme Kroll (Balão) e Sidney Gusman, editor da MSP (Mauricio de Souza Produções) e um dos maiores especialistas em quadrinhos do Brasil. Durante o bate-papo, foi comentado sobre o processo desafiador de planejar, desenvolver e viabilizar quadrinhos no país. Em conversa com o público, os profissionais puderam expor sua experiência na carreira e afirmar que apesar de toda dificuldade existente no meio. Além da satisfação que sentem ao trabalhar com o que gostam, o que os motiva a transpor qualquer obstáculo.
Para os amantes dos quadrinhos que pretendem seguir o ramo, os editores ressaltam a importância da ousadia em criar. Para ser um quadrinista importante no mercado é preciso desenvolver seu trabalho e divulgá-lo o máximo possível, além de ser criativo, original e flexível o suficiente para agradar a todos os públicos.
O trabalho do editor, por sua vez, consiste em organizar e definir como serão inseridos os quadrinhos na página. Assim como qualquer área do ramo, é preciso grande atenção e cuidado. Um erro pode danificar a aparência ou até mesmo a história em si. Por mais que muitos não compreendam exatamente como funciona o trabalho do editor, a importância dele está presente em cada página dos HQs. Cabe a ele, transformar a junção da história e do desenho em harmonia para o leitor.
Crise
Em entrevista ao Capital Cultura, o editor Sidney Gusman, formado em jornalismo, comentou sobre a importância de eventos como a Gibicon. “É sempre muito bom ver seu material ser reconhecido e apreciado. É de muita alegria ver um evento com o número de público que estamos tendo. Esse retorno e aumento de visitas nos mostra que o trabalho está sendo bem feito. Ninguém volta a um restaurante se não tem comida boa”, brinca. “Acredito que esse é um momento para muitos mostrarem seu talento e divulgarem seu trabalho.”
O editor também comentou sobre o recente fechamento de bancas de jornais, que viabilizavam o comércio de histórias em quadrinhos. “Realmente tivemos um grande número de bancas fechadas, mas assim como o jornalista, temos que nos adaptar aos novos meios. Isso revela a eficácia do profissional e sua qualidade de se ajustar às mudanças.”
"Fatalmente, meu trabalho terá algo do Tim Burton", diz desenhista da HQ "Louco", da Graphic MSP
Rogério Coelho é entrevistado por equipe do Capital Cultura. |
Por Giovanna Tortato
Durante a mesa de debates sobre o projeto Graphic MSP, o desenhista Rogério Coelho foi anunciado como o autor da HQ Louco, que será lançada em 2015. O título acompanha o personagem homônimo, que geralmente aparecia nas histórias para atormentar Cebolinha com elementos surrealistas. Após o anúncio, o ilustrador conversou com a equipe do Capital Cultura sobre o desafio de adaptar a criação de Mauricio de Souza.
Eu sei que você não pode revelar nada sobre a história, segredo de estado, mas e sobre o estilo que você adotou? Corrija-me se eu estiver enganada, mas o teaser me lembrou um pouco O Estranho Mundo de Jack, do Tim Burton. Louco vai ter essa pegada?
O Tim Burton é uma influência no meu trabalho, fatalmente vai ter alguma coisa dele no meio disso. Talvez no clima, ou ainda, gosto muito da estética dele, na coisa das espirais, das pontas, dessa coisa mais dark, noturna. Vai estar presente com certeza.
Capa da HQ divulgada na Gibicon. |
Sobre a escolha do personagem, por que o Louco entre tantos personagens do Mauricio de Sousa pra escolher?
Eu que apresentei o projeto, eu queria fazer uma história dele. Na verdade eu também já havia feito a história do Horácio no MSP + 50, e quando eu fiz essa história eu tinha uma imagem na cabeça, daí eu imaginei no que poderia transformar essa imagem e escolhi um personagem pra partilhar daquela imagem. No Louco a mesma coisa, eu tinha algumas ideias soltas que eu queria contar e eu achei que o Louco era um bom escape para elas. Mas depois conhecendo um pouco mais o personagem eu vi que eu tinha que juntar as minhas ideias com o personagem, com o que ele é. Então, quem for ler a história vai encontrar as minhas ideias e também algo a respeito do personagem, que é uma história dele né.
Você diria que é seu personagem favorito do Mauricio?
Não, não é. Inicialmente quando eu comecei a ler Mauricio, eu adorava o Cascão. Ele era meu personagem predileto, depois, com o tempo, o Horácio e o Bidu, que é um personagem que eu adoro também.
Então se você pudesse escolher talvez fazer uma outra MSP, seria um desses personagens? Ainda que todos que você citou já foram adaptados.
No momento não consigo pensar em nenhum e acabaram de fazer o Bidu também (risos). Mas A Turma da Mata são personagens que esteticamente eu achava muito legais, curiosos. O clima das histórias eu achava um pouco estranho quando era criança. Sempre me atraiu pela coisa da estranheza mesmo, mas os caras já tão fazendo também (risos).
"Felizmente, o mercado tem se aproveitado do burburinho da Graphic MSP", diz Sidney Gusman
Sidney Gusman é entrevistado pela equipe do Capital Cultura. |
Por Giovanna Tortato
O projeto Graphic MSP está mudando o cenário dos quadrinhos nacionais. A HQ Turma da Mônica - Laços, lançada em 2013, se tornou um fenômeno de vendas e hoje é o título mais vendido da história da nona arte no Brasil. A seguir, Sidney Gusman, jornalista e editor do projeto que reinventa os personagens criados por Maurício de Sousa, comenta sobre o futuro e a repercussão dessa leva de quadrinhos ao Capital Cultura.
Antes de mais nada, durante a palestra você falou que o projeto era muito grande para ficar só no papel. Isso tem um duplo sentido?
Tem vários sentidos, duplos, triplos (risos). É isso, sair do gibi.
As Graphic Novels foram pensadas para o público mais velho, que acompanha há anos a Turma da Mônica. Mas como ficam as crianças de hoje? Você acha que esses novos fãs vão migrar direto para esses produtos?
E para quais formatos? Ou estou sendo muito ambiciosa em achar que você vai me contar?
Tá, tá (mais risos). Daí vai ter que esperar pra ver mesmo.
As Graphic Novels foram pensadas para o público mais velho, que acompanha há anos a Turma da Mônica. Mas como ficam as crianças de hoje? Você acha que esses novos fãs vão migrar direto para esses produtos?
Já está acontecendo e é incrível. Tem uma galera já, criança, molecada acompanhando. A interação entre os dois produtos [gibis e Graphic Novel] não poderia ter sido melhor possível. Isso é o melhor dos mundos, porque eu obviamente miro num leitor mais adulto, juvenil-adulto, mas a criança consegue ler e entender. Claro que não vai ter a compreensão de, por exemplo, pegar um easter egg na Turma da Mônica – Laços. Mas isso eu vou pegar, você vai pegar e aí quando ela crescer e fizer a segunda, décima, vigésima leitura ela vai falar “caramba, eu não tinha visto isso quando era criança”. Então isso é o mais saboroso do projeto.
As crianças [e todo mundo na verdade] leem Turma da Mônica. Os adolescentes leem Turma da Mônica Jovem. Agora, os adultos que quiserem algo mais sério e podem continuar a consumir os mesmos personagens num formato mais sério. É um ciclo sem fim?
É isso. Nós temos personagens que oferecem essa possibilidade, que podem ter suas histórias contadas para qualquer público. Porque não explorar essa possibilidade? Daí vem o meu trabalho de jornalista e de editor, de saber direcionar o material para essa linha.
Para mim, o mais interessante do projeto é exatamente isso. Vocês lançam e ganham esse reconhecimento instantâneo...
O legal é isso, a pessoa começa lendo as Graphic Novels MSP, mas ela começa a se interessar por quadrinhos. Aquela ideia do “Peraí, tem mais quadrinho pra mim?” Tem! E aí o pessoal vai começar a descobrir outros quadrinhos e aí felizmente o mercado tem se aproveitado desse burburinho da Graphic MSP. Qual seria o “caminho natural”? O mercado independente ia odiar o Sidney. Pô, o cara fica fazendo quadrinho comercial. Pelo contrário! Os caras tão mais e mais motivados a fazer produtos, até porque eles querem me mostrar, pra dizer “olha, eu tô aqui, olha pra mim”. E eu tô de olho. Eu sou um editor que eu passo em todos os estandes, eu olho o que os caras tão produzindo e quando eu convido é porque eu sei que eles tão prontos. A Lu Cafaggi não participou de nenhum MSP 50, ela pensava que eu não gostava do trabalho dela. Não, ela só não estava pronta. Quando foi no “Laços” ela estava madura e ela teria o irmão junto para orientá-la. Então o papel é esse, é direcionar o artista para o que ele pode fazer de melhor, eles são talentosos demais só tenho que corrigir o rumo.
E falando de eventos do universo “geek e nerd”, o que esperar da Comic Con Experience que vamos receber no Brasil?
O interessante é o seguinte, nós temos dois grandes eventos de quadrinhos no Brasil: o FIQ e o Gibicon. Grandes eventos! Só que a gente não tem um evento de cultura nerd, que é o que são as ComicCons americanas, isso é o que vai acontecer agora, vai vir gente de seriado, vai vir gente de filme, de tudo que é mídia. E a interação com os quadrinhistas é ótima, porque antigamente era um gueto. Quem lia quadrinho não gostava de game, quem gostava de game não gostava de cinema, agora tá todo mundo junto e todo mundo tá aqui. Ah, o cara é gamer, mas ele pega um quadrinho e “poxa, não conhecia isso aqui”. E aí o cara começa a ver outras coisas. Então hoje a abrangência nerd e geek é enorme, vai ser fantástico trazer esse evento pra cá, torço muito para que dê certo.
Graphic MSP reinventa a cena HQ no Brasil
Mesa especial na Gibicon discute projeto Graphic MSP. |
Projeto Mauricio de Sousa Produções promove bate-papo com autores do projeto e revela os teasers dos próximos lançamentos da franquia
Por Giovanna Tortato. Fotos de Gabriela Stall, Bruna Slowik e Gabriela Maciosek
No sábado (6), terceiro dia da Gibicon – Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba, ocorreu um bate-papo com os desenhistas e realizadores do projeto Graphic MSP. O projeto, criado pela Maurício de Sousa Produções, é composto por uma série de releituras dos tradicionais (e queridos) personagens da Turma da Mônica em formato graphic novel. Além da discussão sobre os rumos das HQs, o editor das revistas Sidney Gusman aproveitou para revelar os teasers dos próximos lançamentos da coleção, assim como seus desenhistas.
A mesa reuniu os autores de Turma da Mônica - Laços, Astronauta - Magnetar e a recém-lançada Bidu – Caminhos, além do editor e idealizador do projeto, Sidney Gusman. O editor comentou sobre a experiência de resgatar o público juvenil-adulto com as Graphic Novels, que começou com o MSP 50, projeto no qual 50 artistas brasileiros foram convidados para criar suas versões dos tradicionais e queridos personagens de Maurício de Sousa. Após três edições, chegou a hora dos personagens ganharem suas próprias revistas. Quem iniciou o que se tornaria a série foi Danilo Beyruth, que inovou ao contar uma história séria sobre o enlouquecimento do Astronauta no espaço sideral.
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Arte de "Turma da Mônica - Laços". |
Apesar da mudança de linguagem e da liberdade criativa dada aos artistas, o editor deixa claro que ainda se tratam dos personagens que várias gerações de crianças acompanham e acompanharam, portanto alguns temas estão vetados, como sexo e violência extrema.
Sucesso
Os irmãos Vitor e Lu Cafaggi foram os responsáveis pelo maior sucesso da linha até agora adaptando Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali em uma sensível história sobre amizade na infância. Eles também serão os primeiros a publicar uma sequência para sua história. “É muita pressão fazer uma sequência, geralmente o segundo filme de uma série é muito pior que o primeiro”, confessa a autora. Seu irmão, por sua vez, agradece a recepção dos fãs.
“Foi uma surpresa o carinho das pessoas. As vendas eram esperadas, por causa da marca mesmo, mas o público ter gostado tanto foi demais”. Vale mencionar que Laços é a graphic novel mais vendida do mercado brasileiro. Os quadrinhos dos irmãos Cafaggi também foram adaptados para o teatro em uma apresentação do Cena HQ que teve sessão na própria Gibicon, no dia 7.
Futuro
HQ Louco foi anunciada no evento. |
Ao ser perguntado se haveria espaço para artistas estrangeiros no futuro do projeto, Gusman não se mostrou interessado. “Tem muito artista brasileiro bom merecendo espaço. A ideia é que o projeto seja Made In Brazil mesmo”. Para ele, um bom autor da MSP tem que ter crescido lendo os quadrinhos da Turma da Mônica e “ter Mauricio de Sousa na veia”.
Ao final da conversa foram revelados os teasers e autores dos próximos lançamentos da MSP. Roger Cruz assume a Turma da Mata, após Greg Tocchini ter deixado o projeto. A maior novidade é o pouco conhecido ilustrador Rogério Coelho, que ficou responsável pela aguardada adaptação do Louco, programada para ser lançada em março de 2015.
Exposição
Durante a segunda edição da Gibicon, no Museu Municipal de Arte – MuMA, também podiam ser vistos os traços mais realistas das graphic novels da MSP pendurados nas paredes. As feições duras e sérias do “novo” Astronauta, ou ainda os contornos ainda mais adoráveis dados ao Bidu e a Turma da Mônica, atraíram crianças e adultos nostálgicos.
Veja fotos da exposição do Graphic MSP, da mesa de debates sobre o projeto e da apresentação de Laços no Cena HQ:
Fãs investem até R$ 200 em fantasias de cosplay na Gibicon
Com criatividade, fãs podem gastar pouco em fantasia. |
Por Gabriela Stall
O termos
cosplay vem do inglês (cos significa costume /
fantasia e play significa brincar). Na prática, é quando
alguém se veste e interpreta um personagem de uma HQ, jogo de
videogame, animê/mangá ou filme. Durante a Gibicon, no Muma, muitos
fãs incorporaram essa prática e se tornaram uma figura da cultura
pop que admiravam.
Essas pessoascostumam
gastar muito tempo e dinheiro, sem ter qualquer retorno financeiro. O
resultado são as fantasias, que ficam super-legais nessas ocasiões.
Rafaela Gonzales, 19 anos, participa de eventos como a Gibicon há
cerca de dois anos. Neste ano, ela foi vestida como Luxúria,
personagem do anime Fullmetal Alchemist. Para criar a fantasia, ela
levou 3h30 e gastou mais de R$ 200.
O trio de amigos
formado por Pietra, 15 anos, Gean, 22 anos e Rodolfo de Oliveir, 21
anos, gastaram um pouco menos. Ela investiu R$ 155 em sua fantasia de
Evel Super Girl, da DC Comics. Levou 3 horas para ficar pronta.
Rodolfo, por sua vez,
se caracterizou como uma versão masculina da heroína Ravena, dos
Jovens Titans. Seus gastos beiram os R$ 160, mas para se arrumar
foram apenas 10 minutos. A agilidade vem da prática, pois ele
pratica cosplays há mais de seis anos.
Quem também escolheu
um personagem da editora DC Comics para se caracterizar foi Gean, que
incorporou o herói Asa Noturna. Entretanto, seus gastos foram muito
menores. A fantasia foi feita com peças de brechós, o que deixou o
custo em menos de R$ 50. E olha que seu cosplay ficou tão bom
quanto de seus colegas.
Durante o evento,
crianças também estavam vestidas com seus personagens favoritos. O
investimento, nesse caso, foi feito pelos pais.
Veja mais fotos de cosplayers durante a Gibicon:
Veja mais fotos de cosplayers durante a Gibicon:
Mesa debate mercado de quadrinhos na Europa
José Aguiar participa de mesa que abriu a programação da Gibicon. |
Por Altair Silva
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Para José Aguiar, criador e charginista no suplemento Folhateen "Quadrinhofilia", no Brasil estamos aprendendo a fazer os festivais de quadrinhos, que tendem a atingir um público cada vez maior. Aguiar diz que nos três eventos que participou na Europa, ficou impressionado com a variedade de gibis nas feiras, sem contar com a demanda do público, que é grande.
Ainda segundo o autor, o crescimento do mercado faz com que a cultura do Brasil tenha cada vez mais respeito no ramo. “Esse momento em que vivemos nos dias atuais no Brasil é o melhor, pois dá mais autonomia aos chargistas”, afirma, com referência à liberdade de expressão.
José Aguiar disse durante o evento que a grande dificuldade que se enfrenta no Brasil é a falta de leitura, pois influencia na venda e tiragem dos gibis; o que na Europa a leitura não é problema, pois alguns gibis alcançam 25 mil exemplares em uma tiragem, reflexo do hábito de leitura, que lá é maior.
Hábitos de leitura
De acordo com uma matéria publicada e atualizada em abril deste ano no portal UOL, de 2009 até 2012, o índice de leitura dos estudantes no país tem caído, com base nos números do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa).
No primeiro ano citado acima, o país conseguiu atingir 412 pontos; já na última avaliação o país atingiu 410 - o que deixa o país em 55º no ranking de leitura da Organização Para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Como de costume, cosplays marcam presença na Gibicon
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Família cosplayer participa da Gibicon. |
As grandes atrações do evento tiveram que dividir a atenção das quase 20 mil pessoas que passaram pela Gibicon, com os cosplays
Por Camila Nichetti
A cultura pop japonesa faz parte do cotidiano de muitas pessoas por todo o mundo. Nos dias atuais, os cosplays - hobby que consiste em fantasiar-se de personagens oriundos dos quadrinhos, games e desenhos animados japoneses - são uma das demonstrações mais explicitas de apreço às obras da cultura pop. A prática do cosplay também engloba personagens pertencentes ao vasto universo do entretenimento, como filmes, séries de TV, livros e animações.
Em todos os eventos que envolvem algum desses segmentos, é tradicional que diversas pessoas apareçam vestidas com trajes de seus personagens favoritos. E não foi diferente durante a terceira edição da Gibicon realizada no último final de semana no Museu Municipal de Arte (MuMa).
O "cosplayer" por vezes é visto como uma pessoa excêntrica, mas basta conhecer um pouco mais sobre esse universo para perceber que seus praticantes revelam-se pessoas comuns, que tem um dia-a-dia tão normal quanto qualquer outro. Fábio Reis, 34 anos, e sua esposa Andressa de Lima, 20 anos, fazem os personagens “Mestre Saga” e “Hilda de Polaris” dos Cavaleiros do Zodíaco há um ano e meio. “É mais gostoso se vestir a caráter. Tiramos muitas fotos, recebemos muito carinho e admiração e, além disso, homenageamos um personagem que gostamos”, diz Fábio. Para Andressa, o cosplay serve como uma fuga da rotina diária. “Eu trabalho em um escritório, então é tudo certinho e regrado. Com o cosplay, consigo fugir de tudo isso e ser quem eu quiser”.
Sair da rotina também é o principal motivo que leva a estudante Bruna Vizolli, de 17 anos, a se vestir como “Gladus", do jogo Portal. “O que eu mais gosto é assumir uma personalidade que não é minha. Nem que seja por um dia, eu esqueço todos meus problemas e vivencio outra vida”. Já para o ator amador Jean Felipe Benevides Rebicki, 22 anos, que faz "Loki", o senhor nórdico do mal, o cosplay serve para relembrar a infância. “Quem nunca sonhou em ser super-herói ou o vilão de uma história em quadrinhos? Todos já tiveram esse desejo. O cosplay serve para colocar isso em prática e se transformar naquilo que você gostaria de ser um dia”.
Em família
Jéssica Paes, 30 anos, participa de eventos sobre quadrinhos desde 1996. Nesta edição da Gibicon, foi de Lara Croft e levou toda a família para prestigiar o evento. “Meu marido também faz cosplay e agora estamos ensinando nosso filho Davi, de apenas seis anos, que já adora se vestir de Naruto”. Atualmente, Jéssica ministra cursos para quem deseja se tornar um cosplay. ”Nós ensinamos como produzir as roupas dos personagens, como identificar as características de cada um para imitar com perfeição e ainda passamos alguns princípios da cultura japonesa, como disciplina, hora e perseverança”, finaliza.
O marido de Jéssica, Wellington dos Santos Capile, 28 anos, é mecânico industrial e faz o Scorpion, um dos personagens mais populares da série de vídeo-game Mortal Kombat. “Inicialmente foi uma brincadeira de amigos e eu acabei gostando e agora faço o Scorpion há seis anos”.
Novos personagens
É possível também inventar um personagem, como é o caso da estudante Carolina Ferrari, que inventou a personagem “Nyx”, uma caçadora de vampiros e assassina de aluguel. “Eu sempre admirei quem fazia, mas nunca tive coragem. Mas conheci um grupo pela internet, me identifiquei, comecei a fazer e não quero parar de fazer cosplay tão cedo”.
Para o servidor público Joceli Right, 44 anos, a motivação para criar o “Justiceiro Joceli” foi outra. “A violência estava aumentando em Florianópolis e nós queríamos chamar a atenção das autoridades para o assunto, foi ai que surgiu a ideia do Justiceiro Joceli. Mas aí a história acabou tomando corpo, as autoridades voltaram seus olhares para a segurança pública, ou seja, alcançamos nossos objetivos”.
Veja mais fotos de cosplayers durante a Gibicon:
Veja mais fotos de cosplayers durante a Gibicon:
Apresentação de O Bardo e o Banjo ocorreu em local apertado e antes do horário previsto
Banda O Bardo e o Banjo se apresenta durante a Gibicon. |
Por Camila Marcos
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Com o trunfo de se relacionar diretamente com seu público, o quarteto formado por Wagner Creoruska Junior (banjo, percussão, vocais, produção e composição), Marcus Zambello (bandolim, vocais, sapateado), Antonio de Souza (fiddle) e Maurício Pilcsuk (baixo, vocais) começou sua apresentação antes mesmo do horário e conseguiu tirar de letra o desconforto do local. O que era para ser somente uma passagem de som se tornou uma grande apresentação. O público parecia curioso em saber o que aqueles "roqueiros" portando instrumentos clássicos do blues estavam preparando. O que ninguém imaginava é que muita gente iria se remexer com o bluegrass.
Batida
O ritmo vem da cultura norte-americana, misturando músicas irlandesas e o rock clássico. A primeira impressão de quem não conhece o bluegrass é que coincide com o som country americano, porém mais refinado. Os instrumentos mais utilizados durante as apresentações são banjo, violino, bandolim, baixo e violão.
A banda se iniciou em 2012, criado por Wagner Creoruska Junior, um dos integrantes. Creoruska começou sua aproximação ao bluegrass com um projeto solo iniciado em 2010, quando viajou para Inglaterra e adquiriu seu primeiro banjo. O musicista espalhava o ritmo pelas ruas esbanjando a cultura e a música norte-americana. O motivo para que o grupo se chamasse "O Bardo e o Banjo” é justamente essa, pois o bardo é aquela pessoa da idade média que viajava de cidade em cidade contando e cantando lendas e musicas de outros povos.
A banda já lançou dois CDS independentes, “Synergy”, de 2013, e “Kakeside", de 2014", e acabou de passar por uma turnê em várias cidades da região sul. Seu primeiro CD vendeu mais de quatro mil cópias, apenas levando o som pelas ruas. Já o segundo álbum é composto por músicas próprias que mostrma a identidade do quarteto, que já participou de diversos festivais por todo o Brasil.
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
Em palestra descontraída, Kim Jung Gi fala da facilidade que tem para desenhar
Por Luis Fernando
Zandoná Salom
Em uma mesa composta por ninguém menos que o roteirista francês Jean-David
Morvan, idealizador do livro Spy-Games
e por um dos melhores quadrinistas da atualidade, o coreano Kim Jung Gi, a Gibicon 2 teve seu dia de encerramento nesse domingo (7) com muito estilo. De
forma descontraída, ambos falaram de suas carreiras e as dificuldades
encontradas no início.
Quando o mediador da mesa pediu para que Kim Jung Gi falasse sobre sua carreira, ele logo respondeu “mas já falei ontem”, referindo-se à palestra dada no dia anterior. Morvan projetou o livro Spy-Games, que Kim
Jung Gi desenhou. Morvan contou nunca havia tido contato com Kim Jung Gi antes do
livro e disse que apenas passou a ideia à Kim Jung Gi e os desenhos saíram
perfeitamente sem que precisassem ser corrigidos ou arrumados.
O quadrinistra coreano afirmou que nunca sentiu interesse
pelas formas digitais do desenho e, de forma sarcástica, disse que só se interessa
por computadores para ver pornografia. A palestra durou aproximadamente uma
hora e quinze minutos. Antes do começo do debate, Kim Jung Gi já desenhava algo em
um pedaço de papel e assim foi até o fim, entre uma pergunta e outra. Afirmou ainda que, em sua cabeça, está sempre desenhando. Quando não
está desenhando está imaginando como desenharia os acontecimentos ao seu redor.
Sobre os palestrantes
Kim Jung Gi nasceu na Coreia do Sul em 1975 em uma cidade
chamada Goyang-Si. Aos 19 anos entrou na Universidade Dong-Eui de Busan e
formou-se em “arte e design”. Serviu por mais de dois anos nas forças armadas, o
que lhe proporcionou a possibilidade de memorizar um grande número de veículos
e armas. Sua primeira publicação foi na revista “Young Jump”, que é voltada para
o público jovem e adulto.
Jean-David Morvan nasceu em Marne, na França, em 1969. Estudou
no instituto Saint-Luc em Bruxelas. Abandonou o curso de desenho quando
percebeu a falta de habilidade. Artista de quadrinhos frustrado, descobriu que
seu verdadeiro dom é contar histórias e tornou-se roteirista.
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
Autor de Revolta! defende quadrinhos mais políticos
![]() |
Exposição especial da HQ Revolta! durante a Gibicon. |
Autor André Caliman falou com a equipe do Capital Cultura sobre suas
influências e quadrinhos politizados durante a segunda edição da Gibicon
Por Giovanna
Tortato
Quando
colava as primeiras páginas de sua HQ nos muros de Curitiba, como
forma de intervenção urbana, André Caliman não imaginava a
repercussão que Revolta! tomaria quando pronta. Agora, mais de
um ano depois e seis meses após o lançamento da obra completa em
fevereiro deste ano com apoio de financiamento coletivo pelo site
Catarse, a HQ teve papel de destaque na segunda edição da Gibicon –
Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba. Para a obra,
foram dedicadas uma exposição, uma apresentação do projeto Cena
HQ e uma participação em mesas de debate. Além disso, o autor
também esteve presente em todos os dias do evento autografando e
conversando com os fãs e novos admiradores. Em entrevista ao Capital
Cultura, Caliman contou um pouco mais dessa experiência.
Os
seus quadrinhos estão em exibição em vários formatos nessa
Gibicon, o que você achou da adaptação que o Cena HQ fez?
Como
ele já foi encenado uma vez no Teatro da Caixa, eu havia assistido e
achado muito bom. Fiquei muito feliz de terem decidido encenar aqui
porque acho que pegou um novo público, uma galera que estava por
aqui e ainda não conhecia, além de ser um pessoal que curte
quadrinhos que é o que predomina aqui no evento. Tô muito feliz
também com a exposição, porque a história tem tudo a ver com a
cidade. Eu moro aqui, a história se passa aqui, então, colocar
essas páginas, que antes eu tinha colado nas ruas da cidade - que
foi o que eu fiz enquanto eu publicava no blog - e ver elas expostas
aqui dentro do museu é muito legal.
O
seu quadrinho é o “Revolta!” está sendo muito discutido desde
os eventos de junho. Você foi ou está sendo muito procurado para
falar sobre o tema devido a ter feito um manifesto artístico sobre o
tema?
Quando
surgiram as manifestações e eu ainda estava fazendo a HQ. Na época
rolou uma badalação, umas perguntas nesse sentido. Porque com
certeza, ali chegou um momento em que eu estava escrevendo sobre
isso, o quadrinho estava refletindo muito o que estava acontecendo.
Antes mesmo das manifestações, a HQ já lidava com o sentimento que
estava rolando e, assim que ocorreram as manifestações, eu também
coloquei muito disso na história. Então, eu acho que ler os
quadrinhos é uma boa forma também de entender o aspecto daquele
momento real.
O
seu quadrinho é uma HQ política, ainda que não de pregação ou
ideologia. Tem outros desse tipo ou deveria haver mais? Há essa
tendência no mundo dos quadrinhos?
![]() |
Caliman autografa sua HQ para o público. |
Existe
uma história, uma tradição, do quadrinho como um veículo que
representa e interpreta alguns fenômenos sociais, alguns dos
fenômenos políticos dos países de onde esses quadrinhos são. A
Argentina mesmo, que aqui no evento temos convidados como o Salvador
Sanz e o Eduardo Risso, tem uma história interessante com quadrinhos
que falam sobre a ditadura Argentina. Quadrinhos como El Eternauta,
por exemplo,e também quadrinhos muito famosos que contam a história
da vida do Che Guevara. Mas no Brasil também teve! O Brasil talvez
até mais por meio dos quadrinhos de humor, o quadrinho de tiras. Mas
se você pegar quadrinhos europeus, quadrinhos dos EUA, sempre existe
algum desse tipo. O V de Vingança tem uma relação clara com
o governo da Margareth Thatcher dos anos 1980. Então a HQ tem uma
facilidade em tratar desses temas, porque também existe uma
liberdade ali, você pode tratar desses temas ao mesmo tempo em que
você tá causando uma reflexão, que você tá divertindo, que você
tá entretendo. Acho quadrinhos um veículo perfeito pra tratar de
assuntos sérios.
E
precisamos de mais obras com esse teor?
Eu acho que sim, não que nunca tenha tido, sempre teve. Mas no
momento tá faltando, poderia ter mais. Como a gente tem muitos
títulos, existe muita possibilidade de se auto publicar, percebe-se
que os autores acabam somente fazendo histórias muito intimistas,
também muito interessantes e, às vezes, acabam ficando muito só
nos seus próprios problemas e angústias. Os quadrinhos tem que se
abrir, os autores tem que começar a enxergar mais o que tá
acontecendo porque o quadrinho é um bom veículo de comunicação.
Pra
encerrar: essa é a segunda edição da Gibicon. O que você achou da
estrutura e do evento? Deu certo? Deve seguir em diante nesse formato
e só aumentar em proporção?
Esse
formato é novo, porque tivemos a número 0 e a número 1, que foram
eventos que o intuito era acontecer na cidade inteira, em vários
locais, então o pessoal ficava transitando pela cidade. Essa é a
primeira edição que a gente colocou em um lugar só, o que eu acho
bem melhor. O pessoal não precisa se deslocar, têm mais facilidade
de ir de um evento pro outro, palestras, debates, porque tudo
acontece em seguida, acabou um já tem outro começando. E ao mesmo
tempo eu acho que juntar as pessoas, deixa-las mais próximas, mesmo
que fique um pouco apertado, é legal porque faz com que as pessoas
conversem mais e troquem mais informação.
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