quarta-feira, 12 de março de 2014

Volta dos Desfiles à Marechal Deodoro lota arquibancadas no carnaval curitibano

Plateia cheia para os desfiles na Marechal Deodoro.
Texto de Giovanna Tortato e fotos de Manoela Tkatch

Antes mesmo de os integrantes entrarem na “passarela”, as arquibancadas da Avenida Marechal Deodoro já estavam lotadas por cerca de 15 mil foliões, segundo contagem da Prefeitura. Após 15 anos se apresentando no Centro Cívico, o Desfile dos Blocos e Escolas de Samba de Curitiba voltou ao seu percurso tradicional no centro da cidade, e com isso atraiu um público surpreendente em relação aos últimos anos.

Outra notável diferença em relação aos carnavais passados foi o clima mais popular que a festa ganhou, atraindo famílias inteiras e muito apoio dos bairros-sede de algumas das Escolas, como Unidos de Pinhais e Unidos do Bairro Alto. Os blocos tradicionais abriram a noite sendo o Afoxé o primeiro, o bloco que é formado por umbandistas e candomblecistas veio benzendo a avenida no que já virou uma tradição do carnaval. Na sequência, veio o bloco Derrepent, que acabou desfilando com menos integrantes do que o mínimo exigido (somente 123 contra os 160 necessários). Mas só quando o tradicional Rancho das Flores entrou em campo com o tema “25 anos de Alegria na Copa do Mundo” foi que se sentiu uma reação do público curitibano, antes um tanto quanto frio.

O Bloco, composto por idosos e idosas, é o maior e mais antigo de Curitiba com seus 25 anos. A primeira-dama de Curitiba, Marcia Fruet, desfilou com o Rancho como já havia feito antes e esbanjava simpatia e empolgação. O prefeito Gustavo Fruet permaneceu à borda da avenida durante todo o período de desfiles e conversou e tirou fotos com todos que o abordavam, inclusive com a nossa equipe.

Desfile da escola de samba "Rancho das Flores".
A aposentada Rosecler Borges, de 65 anos, desfila pelo Rancho há cinco anos. Ao ser perguntada sobre o que significa voltar ao local onde tudo começou e as diferenças do carnaval este ano, ela declara: “O desfile na Marechal foi melhor que no Centro Cívico, as pessoas estavam animadas, o tempo estava bom, e o desfile estava lindo. O único problema foi o som que deu alguns problemas no decorrer do desfile, tirando isso, estava tudo perfeito.” A aposentada agradeceu a presença de todos e falou que espera ainda mais gente nos próximos carnavais.

Entre os desfiles das Escolas de Samba víamos o Cortejo Real - formado por Rei Momo (que era magro este ano!), Rainha e Princesas do Carnaval - desfilando pela avenida, tentando animar o difícil público curitibano, que parecia ainda não estar comprando a ideia desse tipo de evento na cidade. As Escolas do Grupo A fizeram um belo desfile com temas que variavam entre o estado da Bahia, vilões infantis e volta ao mundo, tendo como desfecho a  bicampeã Acadêmicos da Realeza.


Veja mais fotos do desfile:

terça-feira, 11 de março de 2014

Arte e contação de histórias atraem pais e filhos para o Portão Cultural durante o carnaval

Mãe e filhos leem livro na biblioteca do Portão Cultural.
Por Aléxia Lopes

No sábado de carnaval (1º) em Curitiba, além das exposições, o  Portão Cultural apresentou outras atividades para o público que queria fugir da festa dos foliões. Para as crianças, o destaque ficou por conta das instalações artísticas e da contação de histórias. As obras, colocadas em salas do museu, chamavam a atenção pelos detalhes. Quadros feitos com peão, cães de gesso e fotos de pessoas nuas eram alguns dos destaques (que  até podiam chocar os mais novos). 

Nas contações de histórias, pais e filhos se reuniram na Casa da Leitura Wilson Bueno, na biblioteca do Portão Cultural, para ver o curso ministrado por Emanuelle Assini. Na ocasião, não nos foi permitido fotografar. Mesmo assim, a coordenadora do museu de artes, Priscila Jacewicz, nos recebeu de braços abertos. 

"O carnaval cultural é diferente do que estamos acostumados e é importante para um novo aprendizado sobre a arte contemporânea. Com esse objetivo, o presidente da fundação cultural de Curitiba, Marcos Cordiolli, montou junto de uma equipe, essas atividades", relata sorrindo.

Instalação artística exibe cães de gesso no Portão Cultural

Priscila ainda ressalta a importância da descoberta das pessoas sobre esse carnaval inusitado: “As pessoas pagam seus impostos e às vezes não sabem como está sendo investido. Buscar conhecer é importante. As pessoas precisam de mais arte”, complementa. O acervo do local reúne mais de 3 mil obras que buscam instigar o senso crítico da comunidade e fazer com que frequentem os locais onde se exibe arte. “Isso é sair do comum , evitando lugares como shoppings. Faz bem à sociedade”, diz.
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segunda-feira, 10 de março de 2014

Última noite do Curitiba Rock Carnival reúne vários estilos de rock e atrai quem foge da serpentina

 

Por Virginia Bastos

Mesmo com a briga que terminou com quatro feridos por esfaqueamento no início da noite anterior, a sensação era de euforia e bem-estar entre os que estavam no último dia do Curitiba Rock Carnival. Em plena segunda-feira (3), a movimentação se deu independente da preferência musical: se era rockabilly ou ska, se era surf music ou punk rock. O que fez com que todas aquelas pessoas se reunissem para prestigiar o feriado no estacionamento da câmara municipal era o amor pelo rock-’n-roll e vontade de fugir da mesmice do carnaval tradicional.

Por volta das 16h, subiu ao palco “Lendário Chucrobillyman”, a “monobanda” composta por Klaus Koti que toca simultaneamente bateria, kazoo (instrumento de sopro que atribui um zumbido ao vocal), guitarra e um megafone para cantar e vai do punk e blues ao rock de garagem. “Achei a estrutura muito boa, pois eles fizeram essa coisa paralela ao Psychocarnival, que é mais anos 60, com bandas de outras vertentes do rock”, diz Koti.

O multi-instrumentalista também afirma que Curitiba pode-se tornar um ícone onde acontecem eventos diferentes de outros estados, como, por exemplo, no carnaval. “Isso é muito importante para o brasileiro. Ele tem que ter a opção de descobrir outras culturas e não ser um ‘escravo do carnaval’ e ter que ficar pulando com serpentina”, afirma.

O evento, que reuniu 21 bandas gratuitamente, atrai participantes de todo o Brasil. É o caso da jornalista brasiliense Roberta Ramos, 39 anos. “É a segunda vez que venho para este evento. Não gosto de bloquinhos de carnaval, então vim atrás de um carnaval rock’n roll, pois é o que escuto”, conta.

Outra história parecida é de Juliana Boiger, designer, 23 anos. Mudou-se para São Paulo há três anos e desde 2007 participa Psychocanival e, este ano, do Rock Carnival. “Vim só para o carnaval e faço questão disso. Estou ansiosa para as atrações internacionais e o mais legal é que é de graça”, afirma. Ao ser questionada sobre a quantidade de pessoas, ela dá ênfase à segurança do evento. “Briga sempre vai ter, é difícil evitar mesmo com policiamento e ainda mais com esse tanto de gente. Vi muitos policiais abordando menores de idade com bebidas alcoólicas nas mãos e achei isso ótimo, tem que haver fiscalização mesmo”, diz.

Depois, às 17h20, chegou a vez da banda curitibana “Mistery Trio” fazer a galera dançar ao som rockabilly. Logo após, tocaram os ingleses mais esperados do dia, a banda “The Sharks”, que pela primeira vez esteve em solo brasileiro.

E o último show do último dia do Curitiba Rock Carnival foi ao som country-rock da “HillBily Rawhide” e fez muita gente ficar com saudade do carnaval curitibano. Mark Claverson,violinista e vocal da banda, afirma que quem não gosta do carnaval do samba, foge para a capital paranaense. “Curitiba tem um carnaval mais rock’n roll, apesar de que também tem samba e marchinhas, mas é mais diversificado, não tão focado no padrão”, conclui.

Veja mais fotos do último dia do Curitiba Rock Carnival:

Zumbis e diversidade musical marcam segundo dia do Curitiba Rock Carnival


Junção com a Zombie Walk faz o carnaval rockeiro de Curitiba atrair mais gente que o tradicional no samba

Por Giovanna Tortato / Fotos de Felipe Marques

A primeira edição do Curitiba Rock Carnival atraiu milhares de pessoas para o estacionamento da Câmara Municipal da capital paranaense. A banda curitibana Rocksteady City Firm abriu o evento no domingo (2/03), o segundo dia de shows. O grupo apresentou um estilo musical mais puxado para o ska e principalmente para o reggae, ditando o tom de ecletismo musical do dia.

Em seguida vieram os gaúchos do Diablo Fuck Show, tocando  country rock. O show teve direito a banjo e contrabaixo de orquestra, soando como um show direto do estado americano do Alabama. 



Como atração paralela para o público, havia várias barracas de souvenires como camisetas, bijuterias e outros objetos temáticos. A maioria dos produtos eram da Galeria do Rock de Curitiba, no Largo da Ordem. Também estavam expostos carros clássicos e motos em estandes dos “motoclubs”, e ainda opções de alimentação como pizzas da tradicional pizzaria Gepetto.

Foi durante o show da banda Camarones, diretamente de Natal-RN, que começou a chegar uma horda de zumbis na Zombie Walk. Dos 30 mil participantes pelo menos 10 mil permaneceram na Praça Eufrásio Corrêa. Detalhe: a entrada para o espaço dos shows era limitada a 3 mil pessoas. Ou seja, só entrava alguém na arena dos palcos se outra pessoa saísse.

Foi nessa casa lotada que os natalenses se apresentaram e decretaram que o “maior carnaval rockeiro do Brasil é em Curitiba!”, levantando a atmosfera e o público (nos quais incluíam muitas crianças e idosos rockeiros). "Olha que já tocamos em vários outros, inclusive no nordeste”, completou o vocalista.


 A partir daí, começou a sessão Punk Rock. Os curitibanos da Rádio Cadáver trouxeram ao palco um vocalista maquiado de caveira lembrando muito o estilo da famosa banda Ghost e seu Pope Emeritus. Entre canções sobre poças de sangue e violência, os integrantes pediam para os mais empolgados tomarem cuidado com as famílias para manter o bom clima sem perder o espirito rock and roll.

As três últimas bandas foram todas “pratas da casa”, começando com o hardcore pesado do Cadela Maldita, seguido dos veteranos, e talvez mais conhecidos do público local, da Pelebrói Não Sei. A banda Beijo AA Força, que encerrou o dia, teve seu show prejudicado por uma confusão nos portões - uma briga, possivelmente entre punks e skinheads. O tumulto foi rapidamente levado para fora do barracão e os envolvidos levados pelas autoridades. Ainda assim, o último show teve que ser encurtado. Um final não tão brilhante para um ótimo dia de música e festa.

Veja mais fotos do evento:

domingo, 9 de março de 2014

Guaratubanda – A brincadeira que deu certo!

Vinda de Curitiba, a família de Andréa aproveitou o show da Guaratubanda
Por Julmara Mendes


O penúltimo dia de carnaval em Guaratuba, nesta segunda-feira (3), contou com a presença de aproximadamente 500 mil pessoas, de acordo com os organizadores do evento. Sob o comando do deputado estadual Nelson Justus, os foliões acompanharam os dois trios elétricos, que saíram da Praia Central e foram até o final da Avenida 29 de Abril.  Na frente, o som da tradicional banda de Guaratuba – a Guaratubanda - e, no segundo trio elétrico, Fernanda Liz fazia o povo cantar e dançar, com sua alegria contagiante.


Justus, que juntamente com um grupo de amigos fundou a banda há 32 anos, falou - em entrevista concedida antes do início da apresentação dos trios elétricos - do seu espanto ao ver a proporção que teve aquela brincadeira que acabou dando certo. “Hoje contando com o apoio do governo do Estado, da prefeitura de Guaratuba e de alguns empresários, o trio faz com que brinque a criança, a vovó, o vovô, o adulto. Todo mundo brinca. É o carnaval mais democrático que eu já vi”, afirma.

Além dos trios elétricos, todos puderam apreciar o desfile da Escola de Samba Unidos de  Guaratuba. Joel Rodrigues, mais conhecido como “Boto”, 44 anos, é guaratubense e está à frente da escola como mestre desde 1992. Com a animação dos músicos e da madrinha da bateria, a multidão cantava e dançava ao som dos instrumentos, enquanto seguiam juntos em direção ao centro. Dentre os foliões estavam Andréa Meuwien e o marido, que vieram do bairro Pilarzinho, em Curitiba, com os dois filhos. Fantasiadas, as crianças aguardavam ansiosas a apresentação da Guaratubanda que, como os pais, veriam pela primeira vez. Sobre a organização do evento, Andréa disse ter sentido falta de uma matinê infantil, além de ter encontrado certa dificuldade de acesso aos banheiros químicos.

Ao final da apresentação da Escola de Samba Unidos de Guaratuba, fomos ao encontro de Alessandra Tayer. Apresentando-se à frente da Escola e usando uma fantasia cheia de plumas e paetês, Alessandra conta que já desfilou em outros carnavais, sendo esta a segunda vez que desfila em Guaratuba. Porém, mesmo declarando estar satisfeita com a festa, reclama da falta de organização e de segurança para os que dividem o espaço com o público. “A gente que fica fora (do cordão de isolamento) precisa de um pouco mais de proteção”, conclui.

Thiago, 48 anos, é de Curitiba, mas também tem casa em Guaratuba e esteve todo o tempo à frente da bateria, junto com Alessandra. Ele conta que teve problemas com alguns foliões mais exaltados que danificaram sua fantasia e reclamou da falta de apoio por parte da prefeitura. “A gente se monta, se veste, tenta fazer o show... Mas, falta segurança, falta atitude da prefeitura para tentar dar apoio a nós, os carnavalescos de rua. Nós nos viramos com as fantasias, com os designers, tudo pelo amor à arte do carnaval”, desabafa.

Com uma peruca do tipo Black Power e roupas coloridas, ninguém reconheceria Paulo Caponi, 44 anos, que é empresário do setor de construção. Paulo aproveitava o carnaval no camarote da Casa Rosada. Ele e o genro - também muito animado e fantasiado com uma máscara - se divertiam na companhia das esposas e de amigos. Marlon Ziliotto, 25, há seis anos vem de Curitiba para ver o carnaval de Guaratuba. “Conheço o carnaval de Itapoá, mas aqui é melhor porque tem o trio elétrico e mais agito”, diz Ziliotto.


Seu Jurandir aproveita o carnaval para ganhar um dinheiro extra
Longe do “fervo”, mas próximo dali, estava o Sr. Jurandir Pereira da Silva, 75. Aposentado, mas ainda trabalhando na prefeitura, era ele quem bloqueava uma das ruas de acesso, na altura da Casa Rosada, ajudando na organização do evento. Esbanjando simpatia, “Seu” Jurandir (como é conhecido) estava feliz com a movimentação do carnaval - pela festa em si e pela renda extra que lhe proporcionava. “Ah, o movimento está bom demais. Nossa! Esse ano está dobrado”, afirmou, comparando aos outros anos, nos quais também trabalhou. Animado, nem parecia que o “Seu” Jurandir só iria para casa descansar por volta das quatro horas da manhã, pela terceira noite seguida.

E, assim, tivemos a oportunidade de conhecer um pouco de algumas pessoas que, de uma forma ou outra, fazem parte do carnaval de Guaratuba. Cada qual com seu quinhão, pessoas ilustres ou pessoas simples, mas unidas por um mesmo ideal. Enfim, é uma época do ano em que todos se tornam personagens importantes, ao doarem o seu brilho especial a uma festa cheia de encanto e magia.


Veja mais fotos do carnaval em Guaratuba:

sexta-feira, 7 de março de 2014

Clima familiar marca as noites de folia em Ipanema

Foliões de todas as idades comemoram o carnaval em Ipanema.
Por Sabrine Elise Kukla

O carnaval 2014 na cidade de Ipanema, no litoral do Paraná, foi marcado por muita festa. Com um público e músicas bem variados, os foliões ficaram até tarde da madrugada prestigiando o evento, que contou com um palco da prefeitura e um trio elétrico da RPC TV para agitar a noite.

Com diversas famílias presentes e grupos de amigos, as primeiras noites da festa tiveram um palco montado na Praça Central de Ipanema, onde a música ia das marchinhas até os hits mais recentes.

Com cinco noites de folia, o carnaval em Ipanema foi bem agitado. Um dos fatores para ter o público recorde no balneário foi que o prefeito de Matinhos decidiu não realizar o carnaval no município vizinho.

Embalados por muito “mamãe eu quero”, muito “lepo lepo” e muitas bebidas, a folia ia até de madrugada. Muitas pessoas estavam fantasiadas, curtindo o bom e velho espírito carnavalesco.

Eduardo Remize, 28 anos, eletricista curitibano, relata que é a primeira vez que passa o carnaval em Ipanema. A influência de passar a folia aqui é por conta dos amigos. “Eu realmente espero que aqui em Ipanema que tenha muitas mulheres, afirma o folião, que estava fantasiado de mulher.

Rosimara Pereira da Silva, 39 anos, atendente de farmácia curitibana, decidiu vir passar o carnaval em Ipanema pelo fato de sua mãe morar na praia. “O carnaval está mais ou menos. Aqui já foi melhor, em geral o carnaval é vulgar, as pessoas passam da conta quando bebem, não sabendo aproveitar. Elas acham que tudo é liberal. As músicas também são apelativas.” Rosimara, que estava presente junto de sua família, garante que o policiamento está bom.

Alan da Silva Cordeiro, 22 anos, vendedor curitibano, passava o primeiro carnaval em Ipanema. Para ele, a melhor coisa que tem no balneário é a diversão. Alan, que estava fantasiado de mulher, espera encontrar muita paz. Ele optou de vir para esse balneário porque era “o que deu pra ir”.

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Amantes de carros antigos expõem paixões no Largo da Ordem

Exposição dos automóveis atrai admiradores das
 "beldades automotivas" no domingo de Carnaval 

Por Evellyn Heloise

Todos os domingos pela manhã, junto com a tradicional feirinha do Largo em Curitiba, os admiradores de carros antigos originais encontram-se com suas "beldades" para roubar suspiros dos amantes do estilo. Neste domingo (2) de carnaval, não foi diferente. 

Com as mais diferenciadas marcas, a exposição encheu os olhos até mesmo de quem não entende do assunto. Os velhos e bons modelos FNM, Opel, Hot Rods, Mustang, Aero Willis e muitos outros estão em perfeito estado e ornam a paisagem clássica de uma Curitiba dos anos 60 que o Largo da Ordem oferece. Para quem gosta de carros antigos ou tem boas lembranças deles, tal atmosfera já vale o passeio à exposição.

Quando se passeia pelo local durante a feirinha do Largo, é possível ver senhores de cabelos grisalhos ou totalmente brancos encostados ao lado das beldades automotivas exibindo-as como belíssimos troféus que foram conquistados com muito suor e trabalho. Estes senhores são chamados de "antigomobilistas". O termo foi criado para identificar aqueles que apreciam ou possuem carros antigos e os verbos vender, trocar ou negociar estão extintos em seus vocabulários quando são questionados sobre suas paixões.

Com um quê de anos dourados, os antigomobilistas transformam aquilo que muitos julgam lata-velha em metal precioso e as amam mais do que qualquer outra coisa.

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quinta-feira, 6 de março de 2014

Espaço no bairro Portão promove um carnaval cultural em Curitiba

“Dois aparelhos da exposição ‘Antitotem’.”
Atividades envolvem uma imersão na história e no cotidiano alemão, exposições, shows e sessões de cinema

Por Fernando Garcel

O Portão Cultural, reaberto em junho de 2012, costuma oferecer conhecimento e lazer para os visitantes. Para quem não conhece, vale dar uma circulada pelo local, que abriga o Museu Municipal de Arte de Curitiba (MuMA), o Auditório Antonio Carlos Kraide, a Casa de Leitura Wilson Bueno, o Cine Guarani e outros espaços destinados a cursos e educação. A maior parte deles é gratuita e de fácil acesso para o público. Neste carnaval, o espaço foi uma das atrações para o público que ficou na cidade.

Engana-se quem pensou que arte está destinada apenas para percepção visual. Isso é o que prova o MuMA com o Centro de Arte Digital, que conta com a mostra Antitotem de Lúcio de Araújo. Uma construção sonora que causa a imersão no fluxo das cidades e levou o aparato tecnológico as ruas. “O Antitotem se mostrou uma grande confusão em um primeiro momento. Depois, pude perceber que aqueles sons fazem parte de nosso cotidiano na cidade”, diz o administrador Luciano Henrique, que passeava pelo local.

Também esteve exposto para o público um projeto de Fábio Alves intitulado Crescografia. Baseado em arte composta por plantas sensíveis ao toque, a instalação causa interação com os três sentidos da percepção: tato, visão e audição. As plantas expressivas causaram fascínio em Lorena, 9 anos, e na irmã Yasmin, de 4 anos. Êxtase igual, se não maior, demostrava Flavia Gobara Falci, engenheira mecânica e mãe das crianças que as acompanhava para mais uma sessão de contação de história na Casa de Leitura Wilson Bueno. “É espantoso, pois as plantas não agem de forma automática. O tom emitido varia de acordo com a pessoa que toca a planta. Impressionante!”, diz.

Outra exposição aberta ao público é o II Ciclo da Fotografia Portuguesa no Brasil, que busca, pelo tema Memórias, o passado de imigrantes portugueses e seus relacionamentos com o Brasil. A mostra reúne dez fotógrafos lusitanos.

Para quem já voltou do carnaval, nos dias 8 e 9 de março, ocorre no Portão Cultural um curso de fotografia pinhole destinada a alunos de 10 a 16 anos, que estudam em escolas municipais próximas ao bairro. Os jovens irão construir câmeras analógicas a partir de caixas de fósforos e irão fotografar os arredores do museu. As imagens serão expostas em 22 de março, quando se encerra a atividade.

Uma das exposições que mais chamaram a atenção da dona de casa Andreia Trevisan, 40 anos, foi Alemanha de A a Z. A mostra sobre a cultura alemã aborda inúmeros temas do cotidiano e da história do país. Existem 26 estandes multimídia e interativos, um para cada letra do alfabeto. Os temas são variados, de política à culinária, chegando até o futebol, a paixão dos brasileiros. A exposição esteve na China, Estados Unidos e México. Antes de Curitiba passou por Blumenau, Brasília, Salvador e Recife. Andreia diz que sempre que há novas exposições volta ao espaço cultural com os filhos. “Sou frequentadora!” afirma.

Nos dias 3 e 4 de março, o músico Glauco Sölter e o convidado Sergio Albach fizeram um show didático com o lançamento do trabalho instrumental “Dois em Um”, um álbum duplo que contém os discos intitulados “Coletânea” e “Novidade”. O primeiro disco citado é uma coleção de faixas remasterizadas do compositor e o segundo um conjunto de faixas inéditas. A entrada foi franca.

Veja fotos das atividades: 

quarta-feira, 5 de março de 2014

Zombie Walk aterroriza curitibanos e atrai cerca de 20 mil participantes

A resistência marcou presença na ZW.
Mesmo com mudança de trajeto e ponto de chegada evento atraiu a maior orla de zumbis desde sua criação

Por Camile Kogus

Folia, marchinhas de carnaval e sambas enredo nunca foram meu forte. Na verdade, sou aquele tipo de pessoa que foge de qualquer manifestação carnavalesca. Por isso, há três anos vou a horrenda Zombie Walk. No último domingo (2), ocorreu mais uma edição desse evento, que atraiu mais de 20 mil pessoas com o mesmo objetivo: curtir o carnaval da maneira mais aterrorizante possível.

Neste ano, cheguei bem cedo. Às 11h40, mais de duas horas antes do início da caminhada de mortos vivos, o local de concentração, a Praça Osório, já reunia uma boa quantidade de cadáveres, em variados estilos de decomposição. Haviam os tradicionais zumbis ensanguentados da cabeça aos pés com roupas rasgadas, mas também havia exemplares exóticos como um Papa medonho.

O pessoal do estande de maquiagem também já estava a todo o vapor “zumbificando” quem tinha pegado uma das 200 senhas para o make. Devido a demanda dos anos anteriores, o sistema de maquiagem funcionou de forma organizada.

A cada minuto a Praça Osório lotava ainda mais, e a variedade de personagens macabros ainda mais. No meio de tanta gente uma pequena Emília do Sítio do Pica-pau Amarelo me chamou a atenção. Ela era a mais nova do trio da família Ribeiro que comparecia a mais uma Zombie Walk.

Acompanhada da mãe e da irmã, a Emília parecia se divertir. “Esse lugar é uma ambiente muito familiar, dá pra você vir com as crianças medo”, afirmou a matriarca da família, que comparece há anos no evento. Outra figurinha que me chamou a atenção foi uma princesinha de vestido verde chamada Rita, de apenas sete anos. “Faz três anos que eu trago ela cá, ela adora”, afirmou sua mãe, orgulhosa.

Pontualmente às 14h30 os roncos das motocicletas de “escolta” tomaram conta da XV, fazendo os mais de 20 mil zumbis urrarem de felicidade. Aí, a caminhada teve início. Era difícil acompanhar o trajeto e ao mesmo tempo fotografar, pois a cada passo um novo personagem aparecia.

Os organizadores cuidaram para que nenhum morto-vivo se perdesse no caminho. Depois de cerca de 50 minutos chegamos ao Paço da Liberdade para a tradicional apresentação da música Thriller, de Michael Jackson. A multidão se amontou para ver o show. Tudo que consegui fazer foi identificar a conhecida jaqueta vermelha do clipe.

Após a breve parada, seguimos cambaleantes em direção à Praça Eufrásio Correa, onde estava ocorrendo os shows do Curitiba Rock Festival, evento paralelo à zombie walk. No caminho, mais zumbis. Só que agora surgiam novas figuras, representando a “resistência”, o grupo de sobreviventes que sempre luta pra não ser infectado.

Chegando ao fim da caminhada, me dispersei da multidão para ver o tamanho do evento. Fiquei espantada quando olhei para o alto da Rua Barão do Rio Branco e vi que ainda haviam zumbis SAINDO do Paço da Liberdade. Mais uma vez, a Zombie Walk me surpreendeu pela organização, originalidade e quantidade de participantes. Serviu para provar que o carnaval curitibano pode ser aterrorizante, mas de um jeito muito divertido.

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Samba, suor e sangue: Grotesc-O-Vision exibe filmes de terror no carnaval curitibano

Sessão cheia em mostra de cinema de horror em Curitiba. 
Por Natália Brückner

Sou fã de Rodrigo Aragão e Paulo Biscaia Filho desde a Virada Cultural de 2012, quando vi seus filmes serem exibidos durante a primeira edição do evento “Madrugada Sangrenta”, na Cinemateca de Curitiba. Os dois cineastas, Aragão, do Espírito Santo, e Paulo, de Curitiba, cravaram em meu coração a estaca do horror nacional quando vi, na mesma sessão, A Noite dos Chupacabras e Morgue Story – Sangue, Baiacu e Quadrinhos. O primeiro mostra as inimizades entre famílias sertanejas, entrelaçadas com o mistério de um monstro que ataca a população, em uma narrativa que mistura de cordel e carnificina. O segundo é um conto urbano macabro que começa e termina na mesa de um necrotério. Os dois filmes deram início à minha curiosidade em conhecer o que o nosso país tem de trash horror para oferecer.

Carinhosamente apelidado de “Grotesco”, a mostra Grotesc-O-Vision subverte a micareta carnavalesca ao trocar, pelo segundo ano consecutivo, os confetes e o samba pelo sangue nas paredes e pelos gritos. O evento, que ocorreu entre 28 de fevereiro e 3 de março, foi organizada pela companhia Vigor Mortis, dirigida por Biscaia Filho.

Com o Curitiba Rock Festival e a Zombie Walk, a mostra de filmes malditos fecha a tríade soturna que faz o carnaval curitibano ser o mais alternativo do Brasil. Segundo o curador, a invasão do gênero de horror em meio ao samba e folia não serve como oposição aos foliões, mas como uma soma. Se o carnaval é a festa do povo, que seja também para o povo que gosta de terror. Para Aragão, o gênero de horror abre a oportunidade brincar com a fantasia – e com o sangue, os monstros e os medos.

Nesta edição, a Grotesco contou com lançamentos nacionais e internacionais, como Topos, longa-metragem argentino de horror que tem sua estreia no Brasil pelas telas da Cinemateca de Curitiba. No evento, Aragão e Biscaia Filho exibem seus novos filmes, respectivamente, Mar Negro e O Coração que Falava Demais.

Além dos filmes, a mostra também teve uma feira de produtos de horror, que vendia livros, DVDs, games, camisetas e canecas. Na manhã de domingo (2), um workshop de maquiagem de horror promovida por Rodrigo Aragão ensinou e preparou os participantes para a Zombie Walk, que reuniu centenas de pessoas ensanguentadas e famintas por cérebro humano no centro da cidade.

Veja mais fotos da mostra:

Assista ao documentário "Mergulho Cultural"



Inspiradas pela estética do cinema novo, as repórteres Emily Kravetz e Liriane Kampf foram às ruas de Curitiba durante a Virada Cultural, de 2013, para registrar as relações das pessoas com as manifestações culturais que invadiram a cidade. O resultado é o documentário Mergulho Cultural, concluído no fim do ano passado e concebido a partir do jargão "uma câmera na mão e uma ideia na cabeça". A narrativa busca gerar uma reflexão sobre como enxergamos a cultura, dentro e fora de nós.