terça-feira, 28 de abril de 2015

No batuque de um Preto Velho



A vivência de uma gira de umbanda

Por Marcio Sakyo Poffo Taniguti 

A única árvore da esquina, do lado direto, indica sua idade. As raízes já começaram a quebrar a calçada. O portão de ferro de meio metro mostra que nunca foi trocado. O menor sinal do portão se abrindo chama a atenção do Negão, como é chamado. Um vira-lata preto, de porte médio, é que vem receber a todos que lá chegam. Do lado esquerdo há uma roseira cobrindo o cercado de arame, a qual separa o pequeno jardim do pátio. Pendurado no muro azul desbotado, há 15 vasos com pequenas plantas. No centro do jardim há uma fonte, onde algum dia havia água. Já a casa é marrom, com uma faixa bege claro, recém pintada, diferente do muro, que há tempos não recebe uma tinta.

Graziele Ferreira, 36 anos, atuante há dois anos no Guerreiros de Oxalá, uma das pessoas que trabalha lá e recebe a guia Maria Padilha, contou sobre a experiência que a levou a participar do terreiro. “Eu vim com uma amiga e o guia me falou que precisava trabalhar comigo e que este trabalho exigia meu retorno àquele terreiro mais duas vezes. Então daquele dia em diante eu comecei a pesquisar mais sobre a Umbanda e isso me deixou mais apaixonada pelo tema. Resolvi que era o momento de começar a seguir esta filosofia. Não que não existam outras religiões com seus sentidos, mas no caminho que eu percorri, este sentido eu encontrei na Umbanda. Então, para mim, a Umbanda é o meu caminho, na Umbanda tenho minha fé em Deus e trabalho meu desenvolvimento como ser divino”.

Biblioteca Pública do Paraná: A casa dos livros e dos imortais


Entre os milhares de livros e documentos do principal acervo literário do Paraná, a história e conhecimento também estão em quem frequenta o local

Por Natalia Bruckner

Um pedestal no centro da cidade, ao qual se chega por meio de uma escada ou duas rampas de mármore, onde frágeis e tortos deuses na terceira idade esperam, fumam ou simplesmente vislumbram a insignificância dos transeuntes, todos abaixo deles, andando depressa pela Cândido Lopes e carregando sacolinhas da Americanas. Os concierges do Hotel Bourbon, mortais. Subo depressa ao panteão e sou a mais jovem na ágora dos deuses velhinhos. Um deles fuma um cigarro quase no fim. Insiste em fumar a bituca. Seria ele Hefestos, encarnado numa figura idosa, semi-careca, torta e grande, de terno azul marinho desgastado tentando assoprar o fogo, referência de seu poder, num resto de cigarro amassado e inerte? O deus que tentava sem sucesso dar seu sopro de brasa ao resto do cigarro olhou para mim com seus olhos pesados e sua boca se mexeu sem soltar nenhum som. Jogou a bituca na escadaria de mármore que separava os velhos deuses dos inferiores mortais apressados e suas sacolinhas da Americanas, e entrou. Hefestos claudicava.

Do pedestal, a morada para onde as divindades se dirigem apoiadas em suas bengalas, ou os que ainda podem mancar sem o apoio delas, é um prédio modernista com mais de 8,5 mil metros quadrados, três andares mais um subsolo, inaugurado em 1954 por Bento Munhoz da Rocha Neto para ser a sede definitiva da Biblioteca Pública do Paraná. Mais de 304 mil títulos entre livros, jornais, materiais musicais e de vídeo, gibis, artigos, teses e registros históricos empilhados pelos andares do prédio. Destes títulos estão disponíveis mais de 683 mil exemplares em 13 sessões, tais como “Filosofia e Sociologia”, “Imprensa Paranaense”, “História, “Religião”, “Multimeios” e “Braile”. A sessão do braile é uma pequena salinha que fica no terceiro andar do prédio, com sinalização tátil na maçaneta e na plaquinha da porta estreita de madeira escura. Quem precisar usar a sala precisa solicitar um atendente. Ela fica o tempo todo trancada. De acordo com o levantamento do ano passado, a Biblioteca Pública do Paraná atende cerca de 3 mil usuários por dia, oito mil usuários inscritos por ano, realiza em média dois mil empréstimos de material e barra em média duas tentativas de roubo por dia. 

A saudade que motiva a volta aos bailes


O local no qual idosos não são vovôs


Por Jessica Dombrowski Netto


Às 16h das terças-feiras, o salão de festas do Clube Recreativo Dom Pedro II, que fica no bairro Rebouças, abre as portas para o passado. Nada mudou, apenas o horário de início e fim dos bailes que na juventude duravam uma madrugada inteira.

No grande salão existe uma pista retangular rodeada de mesas brancas com toalhas bordadas que comportam cerca de 60 casais rodopiando com ternos chiques e vestidos dos mais variados: floridos, de renda, brilhantes.

A decoração do palco consiste em uma cortina de led preta, fumaça e luzes coloridas. As bandas de Luiz Adega e Leo se revezam de 15 em 15 dias usando uma guitarra e um teclado, para tocar os clássicos do samba, bolero, vanerão e da valsa. A entrada custa R$14 e são feitas 250 reservas por baile. 

Algumas cenas chamam atenção na pista de dança. Um senhor no maior estilo Roberto Carlos, homenageando o corte de cabelo do ídolo, dança com uma senhora de cabelos loiros e vestido preto com passos ensaiados e sorrisos largos; uma mulher com um vestido amarelo esvoaçante se joga no colo de um homem de terno marrom; e homens mais jovens com roupas todas pretas trocam de senhoras durante o baile todo. 

Isto porque eles são dançarinos contratados por Maria das Dores Guimarães Santos, que há dois anos coordena a equipe. “Eu frequento bailes desde 2003. Gostava das festas gaúchas. Aqui no Dom Pedro recebo cerca de 130 pedidos por tarde. São R$6 para cada três músicas dançadas. Eu anoto tudo na minha agenda para não me perder. Tenho que prestar atenção em todos para trocar os pares”. Enquanto conta, chama um dos dançarinos para a mesa com uma senhora ruiva de cabelo médio e vestido em decote V, que já estava suada com tanto exercício. 

É uma espécie de grande família. Funcionários e clientes se conhecem de longa data, já que não tem como ir ao baile somente uma vez. 

terça-feira, 21 de abril de 2015

Bumba Meu Boi, uma divertida história de amor


Espetáculo de rua tem elenco grande para adaptar o folclore de bumba meu boi para uma história de amor

Por Giovanna Moreira e Camila Souza

Fotos de Mellanie Anversa

A peça "Bumba meu boi", apresentada na manhã do sábado do dia 4, na praça Osório, agradou públicos de todas as idades. Um grupo de teatro de Espírito Santo veio a Curitiba apresentar a lenda de bumba meu boi. A peça contava com oito atores, todos caracterizados e com rostos pintados, de uma forma bem divertida. Como é peça de rua, as pessoas tinham liberdade de assistir e sair a qualquer hora, mas os personagens e a história chamaram a atenção das pessoas e principalmente das crianças que ali passavam. 

"Bumba meu boi" é uma divertida história de amor. A peça conta sobre Chico, que trabalhava em uma grande fazenda e recebe um boi para cuidar. O Coronel, seu patrão, adorava aquele boi, para ele o boi era especial, além de ter custado muito caro, era muito bonito. Chico é casado com Catirina e ela está cheia de desejos, pois está grávida. E naquele dia, ela estava com vontade de comer língua, mas não era qualquer língua, era língua de boi. Chico seu marido, disse que faria qualquer coisa por amor à ela e seu filho. Então Catirina pediu para Chico arrancar a língua de um boi, e ele com medo de seu filho nascer com cara de língua de boi resolve pegar o boi do Coronel. Catirina recebeu a língua de boi, mas pede para o Chico devolver o animal. Como o boi estava morto, Chico, desesperado, resolve procurar um médico para curar o boi, pois se o boi não estivesse na fazenda, o Coronel colocaria o Chico e a Catirina no tronco. Mas a ajuda do Doutor não adiantou. Ainda com muita esperança e medo do Coronel e do Capataz, Chico resolve fazer uma oração para o boi. De repente uma voz diz para Chico que dele deve orar no ouvido do boi, que ele ia ressuscitar. 

Os atores em todo momento interagiam com o público, tentando fazer com que a plateia participasse do teatro. Após terminar a peça, o diretor Carlos Olla nos contou um pouco como é fazer teatro de rua: “quando a gente vai pra rua, tem uma comunicação muito mais direta com o público. No palco você sabe que nada de diferente supostamente vai acontecer, mas na rua é tudo muito inseguro, muito instável, desde o tempo se esta chovendo ou se começar a chover na metade do espetáculo ou se passa um cachorro ou se alguém interfere. Isso é muito legal porque você tem que aprender a conviver com todas essas situações". Ao final da peça, Olla ainda explicou que Benedito era o nome que o padre dava a todos os meninos que nascem naquela região e Maria para as meninas. 

Katia Ramos, de 35 anos, é professora de educação infantil e disse à equipe do Capital Cultura que é segundo ano que ela vai ao Festival de Teatro, mas que esta é a primeira vez que assiste à peça "Bumba meu boi". “Eu gostei da peça, achei ela bem interativa”, comenta.

Veja mais imagens da peça:


Veja um trecho do espetáculo "Bumba Meu Boi":

segunda-feira, 20 de abril de 2015

A arte de limpar a rua, por Tropo


Espetáculo começou com atraso, mas isso não chegou a incomodar o público, que se divertiu com a irreverência do ator Mateus Tropo

Por Camila Souza e Roberto Borges

Fotos de Mellanie Anversa

Na tarde de 4 de abril, o ator Mateus Tropo, mais conhecido apenas como Tropo, apresentou a peça "O Gari" no Largo da Ordem. O espetáculo fez parte da programação gratuita do Festival de Teatro de Curitiba.

A peça começou com um pequeno atraso, mas o público foi brindado com muita irreverência e interação. O gari chegou oferecendo um guarda-sol para a plateia e perguntou as horas para o público. Na sequência, o personagens desempenho diversas cenas que abordavam de forma humorada as atividades do cotidiano dos profissionais de limpeza.

Uma das pessoas que estava presente na peça era a professora de Educação Infantil Katia Ramos, de 35 anos, que disse que gostou muito da peça e a achou muito interativa.

O artista Mateus Tropo, nascido em São José dos Campos (SP), tem 30 anos e trabalha com teatro desde 2006. É também formado em rádio e televisão. À equipe do Capital Cultura, explicou que existe uma diferença entre o público do festival e o que assiste às peças de rua. Para ele, o público do festival vai aos espetáculos com o intuito de assistir à peça, enquanto na rua o artista tem que chamar esse público que esteja de passagem naquele momento. A peça tem um roteiro que se inicia com os cones que coloca no chão, mas o restante do espetáculo pode sofrer alterações com o desenrolar da peça.

Veja mais fotos do evento:



Assista a um trecho do espetáculo:

domingo, 19 de abril de 2015

Companhia de Teatro Novo Ato adapta obras de Drummond para o Fringe

Espetáculo ocorreu em frente ao Relógio das Flores, no Centro Histórico.
O penúltimo dia do Festival de Teatro abriu com homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade em quatro atos

Por Thayná Peres

A peça Drummond 4 Tempos, que ocorreu às 9h30 do sábado (4), no Relógio das Flores no Largo da Ordem, trouxe ao público a representação de alguns poemas do mestre Carlos Drummond de Andrade. Em cena, os atores Luiz Cláudio e Marília Ribeiro constroem diversos personagens. 

Como propõe o título, a encenação é dividida em quatro atos. A primeira ação relacionou-se com o poema Os Dois Vigários, que envolveu canto e vivacidade corporal. Já a segunda cena demonstrou a dramaturgia que observou o vínculo do homem com os recursos de sobrevivência, em A Morte do Leiteiro. 

Em seguida, a produção trabalhou com trechos do poema O Caso do Vestido, mostrando a dor que atinge um indivíduo sem convívio social. E pra fechar, o último ato, denominado Drummonzinho, abordou a história que reuniu os três primeiros atos. 

Questionado pela reportagem do Capital Cultura sobre as possíveis dificuldades em se fazer encenação na rua, o ator Luiz Cláudio disse que não vê empecilhos; inclusive, acha ‘o maior barato’. “Geralmente a gente está no teatro fechado, escondido, e tem lugar para você sair e para você entrar, para se trocar. Aqui (na rua) não. O pessoal vem, senta e você já vê que são pessoas diferentes. A gente começa a maquiar e chega mais gente, o cara do som solta o som e chega mais gente. As pessoas olham para a gente e pensam que somos doidos, mas na hora que vai para os personagens no espetáculo, elas ficam surpresas e acham legal os atores”, conclui. 

Luiz afirma que a companhia costuma ver como é o local antes das apresentações quando dá tempo. “Quando não dá tempo, a gente vem e apresenta. Esse foram mais de 600 vezes no palco", explica.

As estudantes Aline Bianco e Tainara Luz, de 15 e 19 anos, respectivamente, vieram de Campo Largo para assistir à peça. Aline declara que peças como essa trazem uma ‘coisa poética’ e para ela, que faz teatro, é algo que acrescenta conhecimento. 

A Companhia de Teatro Novo Ato é de Goiânia. Esta é a primeira vez que vem para Curitiba e participam do Festival de Teatro. Além desse, já participaram de outros festivais, como o Festival Nacional de Teatro, Goiânia em Cena, dentre outros.

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sábado, 18 de abril de 2015

Espetáculo "Desvio" atrapalha o trânsito curitibano

Artistas provocam motoristas no espetáculo "Desvio".
A atração combina campo urbano com a dança artística, desafiando os bailarinos a intervir no trânsito da cidade


Por Giovanna Menezes e Manoela Tkatch

A apresentação do espetáculo Desvio, que ocorreu na quarta-feira (25) às 11 horas na Praça Santos Andrade, causou mudanças no trânsito da capital paranaense. Com uma combinação de audácia e coragem, os quatro bailarinos conseguiram prender a atenção dos pedestres e motoristas.

O primeiro ato da apresentação foi o Desvio Sinal, em que os bailarinos Eduardo Richa, Joana Amaral, Letícia Paranhos e Anitta Brusque seguraram o trânsito com interferências coreográficas, no sinaleiro da Rua XV de Novembro. Anitta Brusque, bailarina, explica que estamos infelizmente presos a uma rotina e que o objetivo dessa apresentação era fazer a população sair um pouco dela e saber como lidar com interferências e ‘’desvios’’ no nosso cotidiano. "Cada um de nós tem um trajeto e dividimos o mesmo espaço com outras trajetórias, e que no meio da pressa devemos respeitar e saber administrar esse nosso espaço com a rotina dos outros’’, opina.

As estudantes e professoras Jussara, 33 anos e Cristiane, 39 anos, acharam a peça incrível, afirmando que de todas a que assistiram, essa foi a mais interessante, pelo fato da narrativa girar em torno do trânsito e mostrar o quanto as pessoas andam estressadas. “Os atores passavam pelo trânsito e a gente percebeu que o pessoal está muito estressado. Ninguém para pra olhar e ninguém presta atenção no que está em volta”, diz Jussara. Para elas, esse tipo de arte distrai os motoristas. 


O espetáculo Desvio foi criado em 2011, em Porto Alegre, inspirado nas ações corporais de pedestres de três bairros da capital gaúcha. A apresentação conta com três atos, Desvio Sinal (realizado em espaço de retenção de sinaleiros), Desvio Cena (realizado em espaço público), e Desvio Palco (apresentado em recinto fechado).

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Veja também um vídeo da montagem:

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Espetáculo "Licença Preu Passar" brinca com o cotidiano e com a política

Personagem do espetáculo "Licença Preu Passar".
Montagem é protagonizada por ator de Cascavel e agradou o público, com muita interação e bom humor

Por Mirian Villa e Bruna de Oliveira

A manhã do dia 28 de abril foi de muitas risadas e brincadeiras na peça de teatro Licença Preu Passar, realizada no palco ruínas às 10 horas. A apresentação da peça, originária de Cascavel, contou com um público de aproximadamente 70 pessoas, na maioria mulheres e crianças. 

A montagem conta a história de um homem simples, com roupas normais no meio da praça. Aos poucos, ele começa a se transformar em um palhaço, com maquiagem branca no rosto, nariz vermelho, sapatos grandes, suspensório e um chapéu. Sua performance dura em torno de 15 minutos e isso faz com que chame a atenção das pessoas que passam pelas ruas do centro de Curitiba no Largo da Ordem. 

O tal personagem, Tico Bonito, diz que “tudo é uma questão de criatividade para atrair o público para assistir sua peça” e que a “troca de roupa na frente de todos, principalmente na frente das crianças, tira esse estereótipo de que palhaço é assustador e de que não passa de um idiota maquiado.”

O ator Leonides Quadras, de 31 anos, contagiou crianças e adultos com suas brincadeiras e piadas, convidando o público para suas palhaçadas. Em sua apresentação, o palhaço transmite ao público mensagens do cotidiano, como trabalhar em equipe, ajudar o próximo e ter desprendimento material. Além disso, ele também faz sátiras sobre a presidente Dilma Rousseff e o governador Beto Richa, do Paraná.

As amigas Ana Clara, 10 anos, e Vitória, de 11 anos, se divertiram com Tico Bonito. “Adorei a apresentação, mas fiquei com medo de segurar a 'bomba' que ele tinha mandado”, diz Ana. Vitória, que adorou as brincadeiras do palhaço, afirma que recomendaria a peça para todos. “Tico Bonito é muito engraçado, gostei muito de ter participado de algumas cenas. Desde que eu era bem nova, gosto de palhaços porque são muito engraçados.” 

Tico Bonito afirma que a arte faz pensar e leva ao conhecimento, por isso ela é crítica. Afinal, os grandes não querem que a população tenha conhecimento. Leonides “Tico Bonito” revela que não há momentos só de alegria em suas peças. “ Nós, atores de peças de teatro de rua, temos que ter um jogo de cintura. Uma vez, eu estava me apresentando e um bêbado entrou em cena. Parecia até que fazia parte da peça, só que ele queria me agredir e eu falava que era de paz. Descontente que não conseguiu me atingir, ele simulava que iria me dar socos em meu rosto e chegou a dizer que queria enfiar uma bituca de cigarro na minha boca. Usei da psicologia para inverter a situação. Falei para ele que, se ele fosse o bonzão, ele mesmo iria engolir a bituca de cigarro [risos] e ele engoliu. Apesar de ter ido embora, nesse dia perdi totalmente a concentração de continuar a apresentação. Pedi desculpa ao público e fui embora”, conta o artista.

O engenheiro João Albuquerque, de 30 anos, diz ter gostado da interação do palhaço com o público. “É muito interessante o modo de como ele interage com a plateia. Gostei muito de participar da apresentação, pois não tem idade para se divertir e dar boas risadas.”

O jornalista paulista Paulo Cabral, de 38 anos, veio para Curitiba na sexta feira, dia 27, somente para assistir às peças do Fringe. "Vim para cá com a minha mulher e meu filho já sabendo que íamos conferir esses espetáculos de, pois ia ser mais difícil comprar algum ingresso." 

Veja mais fotos de "Licença Preu Passar":

Companhia do interior usa espetáculo para promover campus pouco conhecido da UFPR

Cena do espetáculo "Meno Male"
Meno Male é uma produção da Escola de Aprendizes e Artífices de Pato Branco e o elenco é formado por acadêmicos da Universidade Federal do Paraná

Por Kadu Pereira


No último dia 4, durante a 24ª edição do Festival de Teatro de Curitiba, a cidade teve a oportunidade de conferir o espetáculo Meno Male, escrita por Juca de Oliveira. A direção é da professora de teatro Adriana Alzani, da Escola de Aprendizes e Artífices de Pato Branco, no interior do Paraná.

A companhia, formada por alunos da Universidade Federal do Paraná, trouxe até a capital um espetáculo que discute o cenário político atual. “O tema é corrupção, 'puxa-saquismo', apadrinhamentos. Também aparece o tema da imigração italiana, os valores que os italianos trouxeram chocando-se com a corrupção. Meno Male é menos mal em italiano, que diz respeito as questões menores da corrupção citados na peça”, explica Adriana.

Para o espetáculo, foram oito meses de preparação e ensaios até o dia da apresentação. Sobre a importância de se apresentar no Festival de Curitiba, Adriana destaca a abrangência e relevância do evento. “É importante trazer o nome do campus para o um centro maior, divulgar a arte a local e também o trabalho dos alunos que não são só estudantes, fazem arte também." Pelos aplausos do público, o espaço está bem representado. 

Veja mais fotos do espetáculo Meno Male:


quinta-feira, 16 de abril de 2015

Cultura do sudeste do país é tema de peça no Festival de Teatro de Curitiba


Festival de Teatro trouxe para o público curitibano uma agenda cultural variada, em que as apresentações de peças teatrais gratuitas foram destaque

Por Veridiana Toledo

De classificação livre, a peça teatral “Bumba meu Boi”, com apresentações realizadas entre os dias 03, 04 e 05 de abril no Largo da Ordem, Praça Osório e Ruínas São Francisco, teve duração de 60 minutos, e destacou a cultura da cidade do Espírito Santo, criando um vínculo de proximidade com o público.

O espetáculo retrata a trajetória de Chico, o empregado de uma grande fazenda no interior da cidade do Espírito Santo, que recebe a missão de cuidar do boi que seu patrão acabou de comprar. Porém, esta missão toma outros rumos, já que a esposa de Chico, Catirina, esta grávida e tem o estranho desejo de comer a língua do boi mais bonito e vistoso da cidade. Assim, o pobre homem resolve arrancar a língua do boi de seu patrão, a fim de não deixar seu filho nascer com cara de boi. Atentado pelo Belzebu, Chico recorre ao sincretismo religioso para ressuscitar o boi do Coronel, evidenciando as tradições populares da região sudeste do Brasil.

Ao desenrolar da peça, os integrantes da mesma interagem com o público, os deixando cada vez à vontade e participativos. Conforme conta Eliane Correia, 34 anos, atriz e professora, “essa participação do público é importante para a proximidade de quem assiste à peça e para o elenco, pois como a cultura capixaba é retratada na história, nos preocupamos que o povo goste do assunto abordado.”

Em meio a cantorias e falas engraçadas, a plateia não conseguia conter as boas gargalhadas que o espetáculo proporciona. As crianças são o foco principal da interação público/plateia com o desenrolar da história, como nos conta Guilherme Trevisan, de cinco anos, que participou de um trecho do espetáculo. “Eu gostei de participar da peça, foi bem legal”, conta. 

Para o administrador Marcio Trevisan, 37 anos, peças realizadas em locais públicos são sempre muito bem-vindas, já que proporcionam maiores espectadores à cultura do teatro. “Eu já sabia da peça Bumba meu Boi e já iria trazer o meu filho, Guilherme, para assistir. Quero que ele conheça esse tipo de cultura, que saia do mundo em frente à televisão, dos desenhos animados. E o mais bacana foi ele ter assistido a uma peça de teatro pela primeira vez e participar.” 

Participantes de doze edições do Festival de Teatro, o grupo Gota Pó e Poeira tiveram três meses de ensaios para apresentar a peça “Bumba meu Boi”. Com o apoio da Prefeitura de Guaçui com passagem de ônibus, o grupo conta com a colaboração do público para alimentação e local para hospedagem no período do evento. 

Ao longo da apresentação, o grupo retrata acontecimentos reais da região capixaba do país, como o caso do padre que sempre batizava os recém nascidos meninos de Benedito e as meninas de Maria, principalmente quando eram negras, independente da vontade dos pais. Assim como o fato real da fazenda Castelo da Praga ter acabado completamente devido à ganância do Coronel que lá vivia, existindo o mesmo local abandonado na cidade e atualmente aberta para visitação do público.

Veja mais imagens do espetáculo:

sábado, 11 de abril de 2015

Segunda edição da Mostra Sonora Cena de Música Autoral mistura poesias e musicalidades

Mostra mistura poesia e música e está em sua segunda edição.
No sábado, dia 4, espetáculo Até o Momento Não Sabemos agradou ao público com uma linguagem musical e poética sobre os conflitos humanos

Por Kadu Pereira

Uma das atrações do Fringe, mostra paralela do Festival de Curitiba, foi a segunda edição da Mostra Sonora Cena de Música Autoral, produzida pelo Coletivo Água Viva Concentrado Artístico. Com foco na produção musical, o evento também aborda artes visuais e poesia. A atração ocorreu na Capela Santa Maria.

“A proposta da Mostra é dar espaço para diferentes pesquisas de linguagem, tanto dentro da música, quanto nas artes visuais e poesia. A seleção foi feita a partir da investigação poética e musical de cada artista e grupo”, explica Luciano Faccini, cofundador do Coletivo e um dos artistas que estiveram em cena.

No sábado, dia 4, a performance Até o Momento Não Sabemos; Quem Sabe Depois, de Luana Navarro e Luciano Faccini, tratou, em forma de poesia, sob os conflitos humanos. “Se notares na minha voz qualquer vacilo, é meu corpo que vacila. Isso tudo é corpo. E pra onde vai a voz quando não dizemos? E se dizemos, logo depois, para onde vai a voz?”. Assim iniciava o texto que atraiu a atenção e recebeu a valorização do público ao seu final.

Veja mais fotos da performance Até o Momento Não Sabemos:

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Espetáculo Circulando transforma Largo da Ordem em um circo

Malabarismos deram charme à apresentação.
Montagem precisou mudar de horário e local de apresentação para dar espaço para a feirinha do Largo da Ordem no dia 26 de março

Por Alexandre Grecco


O espetáculo circense Circulando, da companhia Los Circo Los, ocorreu nesta quinta-feira, 26 de março, às 14h20. A apresentação ocorreu com atraso, em frente à Igreja do Largo da Ordem, no Centro Histórico de Curitiba. 

A atração estava programada para ocorrer em frente ao Cavalo Babão. Apesar do atraso e  dos problemas da organização do Festival de Curitiba, que marcou a peça para o mesmo horário em que a feirinha de domingo começaria a ser montada, a montagem agradou os presentes. 

Com interação com o público, o elenco de Circulando, liderado por Rodrigo Mallet e Vitor Poltronieri, levou energia para a praça. Números de malabarismo e humor típico de palhaços animou a plateia, que precisou encarar um sol forte. Não que o calor os tenha impedido de curtir o espetáculo. 

Confira abaixo o depoimento de um casal que assistiu ao espetáculo:


Veja outras fotos do espetáculo:


quinta-feira, 9 de abril de 2015

Estúdio 455 Artes Integradas abre as portas para o Festival de Teatro de Curitiba


Os personagens Luís, Bia e Gabriel contam uma história de um menino chamado Azulzinho, que vai em busca de uma mulher que vivia na floresta das Araucárias

Por Cristieli de Oliveira Cordeiro

A peça “A História de Azulzinho” teve suas exibições nos dias 28, 29 e 30 de março, no Estúdio 455 Artes Integradas, um espaço novo dedicado às artes de Curitiba. O espetáculo fez parte da programação do 24º Festival de Teatro de Curitiba. Para assistir à apresentação era necessário ter ingresso, que poderiam ser adquiridos antes ou na hora.

A encenação conta a história de um menino chamado Azulzinho que embarcou numa aventura para falar com uma mulher que vivia na floresta das Araucárias, porque ela poderia ajudá-lo a encontrar seu lar. Esta é a primeira montagem infantil do diretor Arthur Faria, de 25 anos. "Foi um desafio trabalhar com teatro infantil, pois a linguagem que devemos abordar é diferente. Gostei da interação do público logo na estreia. Espero que as outras apresentações sejam tão produtivas quanto essa foi”, conta.

Para Andressa Dias, 13 anos, a peça foi muito boa. "Gostei da apresentação porque aprendi que não é legal julgar as pessoas só porque elas são diferentes de nós. Achei muito bom ter vindo com a minha mãe e quero ver outros teatros do festival”, revela à reportagem do Capital Cultura.


O Estúdio 455 Artes Integradas foi idealizado para ser um espaço compartilhado para fins artísticos. O local ainda não foi inaugurado oficialmente. A previsão oficial para a inauguração prevista é o início do segundo semestre deste ano, mas sem data definida. Junto ao espaço artístico terá um café, o que deve acomodar melhor o público.


terça-feira, 7 de abril de 2015

Gastronomix reúne diversos sabores no Museu Oscar Niemeyer


Evento foi dividido em três alas e contou com atrações musicais, teatrais e pinturas de rostos para as crianças no sábado, dia 28 de março

Por Marcela Detoni

A sexta edição da feira Gastronomix começou no dia 28 de março, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, com uma diversidade de sabores e música ao vivo. O cardápio dos expositores reuniu pratos de norte à sul, com preços que variavam de R$ 10 a R$ 30.

Entre as atrações estavam o bolinho de feijoada, o baião de dois com carne de sol na nata e a salada biodinâmica, entre outros. Cada prato curioso continha um aroma diferente. O evento era dividido em três alas de alimentação, uma voltada para os doces. A
dultos, jovens e crianças aproveitaram o clima.

As filas complicaram o lazer para as pessoas que chegaram mais tarde. As mesas mais próximas das comidas estavam todas ocupadas. Um dos locais mais eficientes nesses momentos foram as barracas de “Deixe seu Prato Aqui”, onde as louças eram limpas rapidinho e entregues para os feirantes novamente.

“Cheguei aqui às 11 horas, bem quando abriu. Já comi de todos os pratos e acho que vou comer tudo de novo!”, brinca o visitante Dante Henrique, de 39 anos.

A novidade do grande evento era um Food Truck no início da fila. Esse tipo de comércio gastronômico é muito conhecido no Texas, onde foi originalmente concebido. Ali, os visitantes poderiam comprar pizzas, que ficavam prontas rapidamente em um espaço pequeno em que se apertavam ao menos 
cinco funcionários.

Para as crianças, os brinquedos, peças teatrais e pinturas de rostos divertiram o público. A companhia Buzum!, que fazia parte da mostra Guritiba, apresentou o espetáculo "A Intolerância" dentro do ônibus. A montagem discutia bullyng nas escolas e focava em um público dos 11 aos 17 anos. A direção é de 
Wanderley Piras.

“A peça trata da questão de maneira delicada, poética e profunda”, descreve 
Miguel Vellinho, roteirista da peça. A história girando em torno de uma garota que sofre bullying na escola. A trama mostra como isso influencia o comportamento dos jovens.

Pra quem gosta de doces, algumas opções estavam disponíveis na parte de fora da ala de apresentações. O cardápio adocicado incluía profiterólis, brigadeiro e sorvetes prontos para serem saboreados.

Veja mais fotos do evento:

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Trupe Temdona abre as sessões de peças de rua


Trupe Temdona inaugura o primeiro dia de apresentações de peças em toda a cidade e leva alegria e bons momentos para o curitibano

Por Cristine Nascimento e Clayton Rucaly

O Festival de Teatro de Curitiba começou com toda energia e emoção. Na quarta-feira, dia 25, o grupo Trupe Temdona do estado de São Paulo inaugurou as apresentações nas Ruínas São Francisco no Centro Histórico da cidade. A peça, que começou às 16 horas, foi muito bem recebida pelo público curitibano e traz assim uma grande expectativa por parte dos artistas em relação a todo o restante do evento.

O teatro que a Trupe Temdona apresentou retrata a história de Iepe, um pobre camponês beberrão que vive durante a Idade Média. Em meio aos afazeres que é obrigado a fazer por sua mulher, bebe uma cachaça vendida por seu suposto amigo Jaró. Iepe cai no meio do caminho em qual o Barão da cidade estava passando. O Barão então, com toda a sua opulência, resolve pregar uma peça no beberrão após ouvir a ideia de um de seus subordinados, que era de transformar o pobre camponês em Barão. Ao acordar, Iepe percebe que estava em um lugar diferente, cercado de luxo e súditos e com roupas que não lhe pertenciam e muita bebida a seu dispor. Depois de acostumar- se com a diferente ideia de ser Barão, Iepe começa a utilizar de seu poder de maneira hostil, esquecendo suas origens. Após uma série de trapalhadas regadas a muita bebida, Iepe acaba com suas reservas e vai a julgamento por seus abusos, acabando por ser condenado à forca.

A peça cômica foi bem recebida pelo público, e conta com a participação de quatro artistas vindos da cidade de São Caetano. Ao entrevistarmos Rosane Rodrigues, integrante da trupe, que prefere manter sigilo sobre a idade, sabemos mais sobre a companhia: "somos quatro de uma turma que começou com dezoito. Fomos os únicos que persistiram e decidiram se integrar de fato ao mundo das artes cênicas. Esta é a primeira vez que saímos do Estado de São Paulo e nos aventuramos para fora e, de fato, tem sido uma aventura, pois chegamos na cidade ainda hoje sem conhecer nada e somos o primeiro grupo a se apresentar". Perguntada sobre a expectativa do grupo para todo o resto de temporada, ela não esconde suas intenções: "estamos muito animados e com as melhores expectativas possíveis. A cidade tem sido muito receptiva e ela de fato nos prestigia mesmo dando um pouquinho de seu tempo para nos assistir. Queremos que mais pessoas nos vejam e compartilhem conosco esse momento tão marcante para nós, da Trupe Temdona". 

Sobre a experiência de encenar nas ruas, Rosane destaca os desafios: "é uma caixa de surpresas. Você nunca sabe o que vai acontecer. Às vezes acontece algo fora do roteiro e você tem que improvisar, mas sem perder o foco, e principalmente sem estragar a magia da peça. Nem sempre dá certo, mas o bom é que em geral o público é muito compreensivo e em outras vezes levam numa boa e chegam a nos incentivar", diz.

As apresentações, que começaram nesta quarta-feira, irão até o dia 04 de abril (sábado). Espera-se que atinja o maior número possível de pessoas em toda Curitiba, desde o pequeno até o mais velho, para que todos possam ter a experiência de sentir e assistir à magia do teatro.