quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Vem aí a terceira edição da Virada Cultural




Por Camila Nichetti

Fundação Cultural de Curitiba divulgou, nessa terça-feira (30), a programação para a 4ª Corrente Cultural de Curitiba, que será realizada entre os dias 3 e 11 de novembro, e culmina com a 3ª edição da Virada Cultural que acontece nos dias 10 e 11. Com mais de 300 atrações, 95 espaços e cinco grandes palcos espalhados pelo centro da capital, o evento tem o objetivo de atrair a atenção da população para que se aproprie dos espaços de cultura e crie o hábito de consumir a programação que a cidade oferece durante o ano todo.

Esse ano as principais atrações da Virada são os cantores Dudu Nobre, Zeca Baleiro, Arnaldo Antunes, Cauby Peixoto e Ângela Maria. E também vai ter a presença de várias bandas paranaenses como MUV, Trio Quintina, Nevilton e A Banda Mais Bonita da Cidade.

Os palcos serão montados na Boca Maldita, Rua Riachuelo, Ruínas de São Francisco, Praça da Espanha e Praça Nossa Senhora da Salete. Os espetáculos, shows e outras ações culturais são abertos a todos os cidadãos. Confira a programação completa no site oficial do evento


terça-feira, 30 de outubro de 2012

Confira um clipe com os melhores momentos da Gibicon



O Capital Cultura também realizou uma cobertura em vídeo da Gibicon 2012. O evento contou com quatro dias repletos do melhor da cultura nerd. Entre debates, palestras, oficinas e mostras de filmes, a programação tinha cerca de 80 atrações. Turistas de outras cidades do Paraná e do Brasil marcaram presença em Curitiba para mostrar paixão pelas histórias em quadrinhos. 

Produção: Camile Kogus

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Lançamentos também fazem parte da programação da Gibicon

Por Camila Nichetti
Além das palestras e oficinas vistas durante toda a Gibicon, o evento também trouxe para os apaixonados por histórias em quadrinhos o lançamento de vários livros, tiras, álbuns e revistas. Durante os dias de programação - 25 a 28 de outubro - autores como Joe Bennett, José Aguiar, Gian Danton, Paulo Máfia e Key Imaguire fizeram o lançamento de suas obras e participaram de sessões de autógrafos.
Joe Bennett lançou o livro "Joe Bennett Sketchbook". Gian Danton lançou dois livros, "O roteiro nas histórias em quadrinhos" e "Graffipar, a editora que saiu do eixo". Key Imaguire, que é um dos fundadores da Gibiteca de Curitiba, com o livro "História da Gibiteca de Curitiba" faz um trabalho documental.
 Paulo Máfia fez o lançamento da Edição Especial 70 anos do Zé Carioca. São dois especiais de 300 páginas cada que celebram o aniversário do mais brasileiro dos personagens da Disney. A edição especial da editora Abril contém histórias raras de todas as décadas e dois quadrinhos inéditos produzidos especialmente para estes especiais.
José Aguiar é roteirista, ilustrador e um dos organizadores da Gibicon e fez o lançamento do seu livro Folheteen - Tiras para todo o lado no sábado (27), no Memorial de Curitiba. O livro traz uma seleção de tiras publicadas pelo jornal Gazeta do Povo entre os anos de 2010 e 2012.
Outro lançamento que ocorreu no sábado foi o da história em quadrinhos da "Vampira Lésbica", criação de José Padilha com ilustração de Isabele Linhares. O lançamento também foi no Memorial de Curitiba e chamou a atenção de muitos que visitavam o local por conta de ter Jackeline dos Santos vestida como uma vampira, a personagem principal da história. Isabele Linhares diz que o lançamento do quadrinho durante a Gibicon ajudou na parte de divulgação do trabalho que já tem planos para virar filme. "Nós já temos um projeto para fazer um curta do Vampira Lésbica até o segundo semestre do ano que vem. E dependendo da resposta do público podemos fazer um longa também", disse Isabele.
 

Maria Erótica e os bons tempos da editora Grafipar


Banner exibe uma das capas da revista “Maria Erótica e o Clamor do Sexo”.

 Por Julmara Mendes

A palestra “Maria Erótica e o Clamor do Sexo”, proferida por Gonçalo Junior, ocorreu às 18h do último sábado (27) na sala da Gibiteca, no Solar do Barão. Junior, jornalista e advogado, trabalhou em jornais e revistas, também foi editor do telejornal RedeTV News.

Apesar de contar com um modesto público, todos ouviram atentamente as revelações feitas por Junior - desconhecidas pela maior parte das pessoas ali presentes - sobre a extinta editora Grafipar, do empresário Faruk-el-Khatib – a primeira grande editora de quadrinhos a sair do eixo Rio–São Paulo.

Ao longo da palestra, Junior faz um breve relato dos últimos 30 anos, tentando resgatar a história dos quadrinhos no Brasil. “A revista ‘Peteca’ inaugurou a série de publicações eróticas da Grafipar, seguida por ‘Personal’ e ‘Eros’. O sucesso da editora foi tão grande que vários desenhistas, entusiasmados, se mudaram para Curitiba, como Bonini, Gustavo Machado, Watson, Flávio Colin, entre outros”, relembra.

Pessoas assistem a palestra de Gonçalo Junior.

Com ar nostálgico, Junior contou como escritores de renome também vieram para Curitiba, atraídos pelos altos salários: “Coincidentemente, ao chegarem à capital paranaense, os artistas alugaram as casas no bairro Três Marias, próximo ao clube de mesmo nome e a notícia de que havia uma vila só de quadrinhistas logo se espalhou”.

Na tentativa de passar uma imagem positiva, ressaltou a importância da história da Grafipar afirmando que jamais fez revista de sacanagem. Faruk-el-Khatib, empresário sério, sempre foi chamado para palestras e eventos, tamanha a sua importância no cenário nacional. Outro grande nome foi Cláudio Seto, responsável pelo setor de quadrinhos da Grafipar desde 1978 e que ressuscitou a personagem “Maria Erótica”. Considerado o maior artista de HQ dos últimos 30 anos, desde o surgimento da editora Edréu, em 1967, Seto morreu em 2008, vítima de derrame.

Em seu livro “Maria Erótica e o Clamor do Sexo”, Gonçalo Junior conta a história do surgimento do movimento de quadrinhos da Grafipar e de seu líder, Cláudio Seto, como um dos introdutores da linguagem do mangá no Brasil. Aborda assuntos polêmicos como o comunismo e a censura na ditadura militar - de 1964 a 1985 - período em que o poder no Brasil esteve nas mãos dos militares. A Revolução Sexual deflagrada pela pílula anticoncepcional e a contracultura do pós-guerra transformaram o sexo num problema de segurança nacional. 

Gonçalo Junior contou um pouco da história da editora Grafipar.
 “Após 21 anos de perseguição, repressão, censura, apreensões, queima de material, etc., a Grafipar fecha suas portas definitivamente tendo - por uma incrível coincidência - a mesma duração da ditadura, que também acaba em 1985”, conclui Junior.

Durante a palestra, a presença de Gustavo Machado se destacou dentre os presentes. Nascido no Rio de Janeiro, o artista iniciou como desenhista do Sítio do Pica-Pau Amarelo e, posteriormente, trabalhou na editora Abril com o “Zé Carioca”, “Os Trapalhões”, “Gugu”, “Mulan”, “Tarzan”, dentre outros, com destaque para “Didi Volta para O Futuro”.

“Pessoalmente, gosto muito do trabalho do Laerte, da nova geração. Mas, os eternos Ziraldo e Maurício de Souza, são muito bons, cada qual no seu ramo”, responde Machado sobre quem seriam os melhores desenhistas da atualidade.

Desenhista premiado, atualmente vive em Londrina e trabalha como ilustrador de material didático, apesar de ainda produzir desenhos - atividade que mais gosta. Quando perguntado sobre qual seria o seu melhor trabalho, destaca “Os Trapalhões – Didi Volta Para O Futuro”, da editora Abril, lançado em 1992, no Solar do Barão.

Gustavo Machado é um dos grandes nomes do cenário nacional.
 Fotos: Julmara Mendes

Palestra discute jornalismo e quadrinhos na Alemanha

Mawil (centro), acompanhado da intérprete (à esq.) e de Reinhard Sauer (à dir.) 

Por Julmara Mendes

O berlinense Markus Witzel – mais conhecido como Mawil – marcou presença na palestra “Reportagens em Quadrinhos na Alemanha”, que ocorreu no último sábado (27), no Espaço Fábrika. O evento faz parte da programação da Gibicon 2012, que aconteceu em Curitiba.

Contando com a tradução de uma intérprete e sob a mediação de Reinhard Sauer – diretor do Goethe-Institut de Porto Alegre - Mawil falou aos presentes sobre as suas experiências com os quadrinhos, desde que começou a estudar design de comunicação na Escola Superior de Artes, em Weißensee, Alemanha.

Como tudo começou

Mawil fez um breve relato de como surgiu o primeiro livro, enquanto ainda estudava. “A ideia era montar um livro, junto com mais cinco colegas (que tinham experiência em desenho gráfico), no qual cada um contaria as suas próprias experiências em Berlim”, explica ele.

“Então, saímos às ruas para coletar todo o tipo de informação sobre tudo o que observávamos nas ruas, nas discotecas, etc.. Naquela época, tudo era muito difícil e perigoso. Ainda existia o muro que separava a Alemanha Oriental e Ocidental e, por causa disso, os jovens eram obrigados a criar códigos de reconhecimento nos locais em que os ‘membros da gangue’ se reuniam. Afinal, eles tinham que saber qual campainha tocar para poder entrar” – conclui Mawil, de forma bem humorada.

Ele ainda conta que o seu professor gostou tanto de uma de suas histórias – “Sobre a procura de uma república estudantil para três” - que resolveu aceitar essa HQ como trabalho de conclusão do curso (TCC).

O primeiro livro de Mawil, "Alltagsspionage" (Espionagem do cotidiano),
publicado em 2001, em parceria com colegas da faculdade. 

O livro “Operation Lackerli”, publicado em 2004, foi criado a partir de um convite que Mawil recebeu para retratar a história de um rio da Basileia que, de tão limpo, dá para se tomar banho. As pessoas que lá frequentam costumam subir de biquíni e, após banharem-se no rio, vestem as roupas que estão na mochila. O forte do livro é que os participantes fizeram suas autobiografias, pois cada um trabalhou conforme a sua visão para poder retratar a Basileia, cidade do noroeste da Suíça.

Autobiografia e identidade

Mawil afirma que faz todos os trabalhos de memória. Os amigos que aparecem nas histórias são autobiográficos. No seu estilo peculiar, ele diz que se quiser retratar Paris, por exemplo, não há a necessidade de colocar a Torre Eiffel atrás. Ele prefere observar o jeito das pessoas, os movimentos, ônibus passando, etc.

Com relação aos quadrinhos na Alemanha, Mawil finaliza dizendo que, apesar dos alemães terem sofrido forte influência dos japoneses e americanos, agora as suas escolas já têm a sua própria identidade. Além dos desenhistas virem das Escolas de Belas Artes, eles contam muito com a força do Goeth-Institut, que muito contribui para propagar esses trabalhos, com maior qualidade.

    Mawil (centro), acompanhado da intérprete e de Reinhard Sauer (dir.) 
No telão, o livro “Operation Lackerli”, encomendado pela Basileia, após o sucesso do primeiro livro.
Fotos: Julmara Mendes

domingo, 28 de outubro de 2012

Níquel Náusea na área


Fernando Gonsales, autor dos desenhos do Níquel Náusea, participou do debate sobre tiras ocorrido no Paço da Liberdade. O desenhista contou que tem graduação em veterinária e biologia, o que ajuda - e atrapalha - nas tirinhas, cujos personagens são em grande maioria animais.

Foto Liriane Kampf

Stands da Gibicon dão espaço para novas artes de design




Por Thiago Crovador

A feira de stands que acontece no Memorial de Curitiba durante a Gibicon é o espaço mais querido pelos fãs de quadrinhos, com bancas repletas de gibis dos mais variados tipos e origens, artistas autografando suas obras recém-lançadas, e conversas sobre tudo que o universo geek tem a oferecer. Mas é também uma oportunidade para se conhecer outras vertentes artísticas.

Para a convenção deste ano, o casal Marcus Matumoto e Maria Rosana Mestre trouxe bonecos criados a partir de artes e ilustrações de Matumoto, que é artista e resolveu aplicar seu conhecimento de ilustrador quando descobriu os bonecos na Espanha. “A Gibicon é uma excelente oportunidade de mostrarmos um segmento artístico ainda pouco conhecido no Brasil”, diz Matumoto.

Os Toy Art são mais comuns no Brasil como bonecos em forma de almofada, mas podem ser de diferentes tipos de materiais. Seu conceito não está apenas na estética dos personagens, mas na utilidade dos bonecos, que neste caso são no estilo de almofada. “As pessoas podem customizar nossos bonecos e alguns têm compartimentos para se guardar pijamas”, explica o artista.

Maria Rosana também trouxe para a feira um livro infantil de sua autoria e ilustrado pelo marido. “O livro foi lançado recentemente e a Gibicon se revelou um lugar bem adequado para fazermos a divulgação”, diz a escritora.


No meio de tantos gibis, personagens de almofada com um olho só que podem ser customizados por qualquer pessoa de acordo com sua criatividade, e livros infantis com ilustrações que apresentam um traçado bem distinto parecem ter encontrado um refúgio num universo repleto de design, seja na ponta de um lápis, nas mãos de um modelador, nos contos literários ou na confecção de bonecos.

O Gralha


O Gralha, primeiro super-herói curitibano, marcou presença nos espaços na Gibicon.

Foto Natalia Bruckner

Cosplays presentes na Gibicon


Por Natalia Bruckner


Qualquer evento de história em quadrinhos que se preze é marcado pela presença em peso de uma turma de admiradores HQ  empenhados em se vestir como seus heróis favoritos. Esta prática é chamada de cosplay, que vem do inglês “costume play” e significa “representação de personagem a caráter”. Os cosplayers, como são chamados os participantes desta prática, costumam aproveitar a realização de eventos culturais para exibirem seus trajes feitos com muito empenho, e investimento financeiro. A cosplay é meramente um hobbie, e um traje, feito à fiel imagem e semelhança da vestimenta de super heróis ou personagens de anime, geralmente é complexo de fazer e pode levar meses para ficar pronto.

Mas há também quem surja de cosplay a trabalho, como é o caso da dupla de palhaços “Alípio e Sarrafo”, que se trajavam como gângsteres durante o terceiro dia da Gibicon. Membros da trupe “Companhia dos Palhaços”, a dupla foi  responsável pelo o entretenimento dos participantes da 2º edição do GIBICON, e  pelo controle do sistema de som e avisos sonoros. De terno, gravata e muita maquiagem, Alípio e Sarrafo enfrentaram o sol escaldante e as altas temperaturas registradas no terceiro dia do evento. “Ontem nos vestimos de super–heróis e passamos frio, e hoje estamos de gângster, morrendo de calor, mas vale a pena”.

No transcorrer do evento, crianças direcionavam seus olhares curiosos para dois robôs que circulavam pelas dependências do Memorial de Curitiba, e paravam para tirar fotos com  eles, e tocá-los. Os robôs são Leandro Moreira e Everton Santana, vestidos como personagens da trilogia Star Wars. “Fizemos este cosplay de Stormy Troppers, os soldados de Darth Vader, das tropas imperiais”, esclarece Everton, citando os personagens do clássico da ficção científica no cinema. Leandro conta que começou a se fantasiar de personagens há quatro anos, após ter assistido aos filmes de Star Wars, dos quais é fá convicto. “Todos os meus amigos tinham assistido Star Wars, exceto eu. Um dia assisti com minha mãe e me tornei fã. E já tenho mais três fantasias prontas” explica. Perguntados sobre a receptividade das demais pessoas do evento em relação aos adeptos do cosplay, a dupla afirma que a roupa pode torná-los alvo tanto de admiração, como de reprovação: “o pessoal acha o máximo, mas tem gente que não curte”.

Também havia cosplayers ilustres no Gibicon, que deram entrevistas e autógrafos. Jackeline dos Santos foi prestigiada no evento, atendendo pela alcunha de Vampira Lésbica, uma personificação da protagonista da história em quadrinhos homônima, cuja a primeira edição foi lançada em um dos estandes dispostos no evento. A história é criação de José Padilha, com a arte de Isabelle Linhares, e foi inspirada nos famosos contos de Drácula. “Esse projeto estava engavetado há algum tempo, e precisávamos que alguém que personificasse a Vampira Lésbica, até conhecermos a Jackeline. Um metro e oitenta de mulher, eu vi e falei -  É nossa vampira!”, conta Padilha.

Um dos cosplays mais famosos do evento fez uma alusão a Gralha Azul, um símbolo da cultura curitibana. “O Gralha” é o protagonista da história em quadrinhos criada há 15 anos, durante a comemoração nos 30 anos da Gibiteca de Curitiba, e que foi desenhada por vários artistas. O personagem já participou de dois filmes de curta metragem, e já desfilou na escola curitibana de samba “Mocidade Azul” no Carnaval deste ano. Segundo o caricaturista Natanael Souza, a fantasia do “Gralha” continua em seu formato original, e apenas a capa e a máscara foram refeitos. Você pode conferir o blog do Gralha e suas histórias no blog do personagem.

Quadrinistas debatem sobre a produção independente no Brasil

Por Thiago Crovador

As autonomias artísticas e as dificuldades na distribuição da produção de quadrinhos independentes foram os temas mais recorrentes em debate realizado na tarde deste sábado (27), no Paço da Liberdade. Participaram do debate da Gibicon os quadrinistas, Daniel Esteves, Cadu Simões, Eduardo Medeiros e Will. O jornalista Yuri Al’hanati foi o mediador e logo de cara jogou a provocação: “Existe produção não independente no Brasil?”.

O debate estabeleceu um consenso no mercado de quadrinhos brasileiro: o artista independente é privilegiado por sua liberdade criativa, mas sofre mesmo é na hora da distribuição. Eduardo Medeiros, que no próximo ano lançará um trabalho através de uma editora consolidada, revela que mesmo nesse caso, seu trabalho é imaculado porque ele é apenas distribuído pela editora e, portanto, eles não mexem na obra original. “Todo quadrinista é independente”, afirma o ilustrador.

Nesse sentido, quando perguntados sobre a importância da internet na distribuição de suas histórias, todos concordam que a internet é crucial para a distribuição independente. Cadu Simões reconhece que não teria começado a fazer quadrinhos se não fosse pela internet. “O retorno dos leitores numa publicação via internet é imediato e melhora nosso trabalho”, afirma. 

Em meio a muita descontração (todos os quadrinistas se conhecem há bastante tempo), Daniel Esteves contou diversos “causos” que provam que os quadrinistas independentes passam a ser empresários, distribuidores e assistentes de si mesmos.

Essa possibilidade do “faça você mesmo” é apontada por Al’hanati como uma consequência de uma evolução do mercado independente. “Chegamos onde tínhamos que chegar. Daqui pra frente não se sabe como as coisas poderão ser diferentes”, constata Will. Seja qual for o futuro dos quadrinhos, montar suas próprias editoras parece ser uma solução para a maior preocupação de Daniel Esteves. “Lançar um gibi independente no Brasil é lançar um problema”, reclama o artista.

Depois de mais algumas perguntas realizadas pelo público que compareceu a palestra, formado na sua maioria por aspirantes a quadrinistas, os artistas autografaram alguns gibis de fãs e trocaram algumas ideias com os possíveis futuros autores.

Artistas exibem técnicas de modelagem 3D na Gibicon




Por Thiago Crovador

A edição de 2012 da Gibicon realizada em Curitiba não reuniu apenas artistas ligados ao universo do gibi. Os modeladores de figuras 3D foram uma surpresa da feira de stands concentrada no Memorial de Curitiba, no Largo da Ordem. Os artistas chamaram a atenção dos visitantes enquanto modelavam figuras durante o evento para apreciação do público.

Daniel Künzle (28) é modelador há mais de 1 ano e explica que “no Brasil, ainda não existe um mercado de trabalho e nem sequer alguma faculdade, pois trata-se de um trabalho muito artesanal”.

Embora não haja muitos recursos de incentivo à modelação de figuras, Künzle diz que o processo de modelação em 3D, no qual um boneco criado em pasta argilosa é escaneado para receber tratamentos de animação para jogos de videogame ou filmes, é um trabalho respeitado e incentivado nos países que produzem esse tipo de entretenimento.

Como mora no Brasil, Künzle produz seus modelos e os vende como bonecos de coleção. Essa saída ainda não representa uma grande conquista para os artistas porque a maior parte dos bonecos que interessam ao público possuem direitos autorais de filmes, gibis e games.

O trabalho autoral acaba cedendo espaço ao trabalho encomendado ou realizado para marcas que possuem esses direitos. De acordo com Künzle, a maioria dos artistas modeladores no Brasil se muda para países que possuem o mercado mais abrangente dos filmes e games, além das marcas de bonecos de coleção, muito famosas nos EUA.