domingo, 28 de outubro de 2012

Quadrinistas debatem sobre a produção independente no Brasil

Por Thiago Crovador

As autonomias artísticas e as dificuldades na distribuição da produção de quadrinhos independentes foram os temas mais recorrentes em debate realizado na tarde deste sábado (27), no Paço da Liberdade. Participaram do debate da Gibicon os quadrinistas, Daniel Esteves, Cadu Simões, Eduardo Medeiros e Will. O jornalista Yuri Al’hanati foi o mediador e logo de cara jogou a provocação: “Existe produção não independente no Brasil?”.

O debate estabeleceu um consenso no mercado de quadrinhos brasileiro: o artista independente é privilegiado por sua liberdade criativa, mas sofre mesmo é na hora da distribuição. Eduardo Medeiros, que no próximo ano lançará um trabalho através de uma editora consolidada, revela que mesmo nesse caso, seu trabalho é imaculado porque ele é apenas distribuído pela editora e, portanto, eles não mexem na obra original. “Todo quadrinista é independente”, afirma o ilustrador.

Nesse sentido, quando perguntados sobre a importância da internet na distribuição de suas histórias, todos concordam que a internet é crucial para a distribuição independente. Cadu Simões reconhece que não teria começado a fazer quadrinhos se não fosse pela internet. “O retorno dos leitores numa publicação via internet é imediato e melhora nosso trabalho”, afirma. 

Em meio a muita descontração (todos os quadrinistas se conhecem há bastante tempo), Daniel Esteves contou diversos “causos” que provam que os quadrinistas independentes passam a ser empresários, distribuidores e assistentes de si mesmos.

Essa possibilidade do “faça você mesmo” é apontada por Al’hanati como uma consequência de uma evolução do mercado independente. “Chegamos onde tínhamos que chegar. Daqui pra frente não se sabe como as coisas poderão ser diferentes”, constata Will. Seja qual for o futuro dos quadrinhos, montar suas próprias editoras parece ser uma solução para a maior preocupação de Daniel Esteves. “Lançar um gibi independente no Brasil é lançar um problema”, reclama o artista.

Depois de mais algumas perguntas realizadas pelo público que compareceu a palestra, formado na sua maioria por aspirantes a quadrinistas, os artistas autografaram alguns gibis de fãs e trocaram algumas ideias com os possíveis futuros autores.

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