segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Palestra discute jornalismo e quadrinhos na Alemanha

Mawil (centro), acompanhado da intérprete (à esq.) e de Reinhard Sauer (à dir.) 

Por Julmara Mendes

O berlinense Markus Witzel – mais conhecido como Mawil – marcou presença na palestra “Reportagens em Quadrinhos na Alemanha”, que ocorreu no último sábado (27), no Espaço Fábrika. O evento faz parte da programação da Gibicon 2012, que aconteceu em Curitiba.

Contando com a tradução de uma intérprete e sob a mediação de Reinhard Sauer – diretor do Goethe-Institut de Porto Alegre - Mawil falou aos presentes sobre as suas experiências com os quadrinhos, desde que começou a estudar design de comunicação na Escola Superior de Artes, em Weißensee, Alemanha.

Como tudo começou

Mawil fez um breve relato de como surgiu o primeiro livro, enquanto ainda estudava. “A ideia era montar um livro, junto com mais cinco colegas (que tinham experiência em desenho gráfico), no qual cada um contaria as suas próprias experiências em Berlim”, explica ele.

“Então, saímos às ruas para coletar todo o tipo de informação sobre tudo o que observávamos nas ruas, nas discotecas, etc.. Naquela época, tudo era muito difícil e perigoso. Ainda existia o muro que separava a Alemanha Oriental e Ocidental e, por causa disso, os jovens eram obrigados a criar códigos de reconhecimento nos locais em que os ‘membros da gangue’ se reuniam. Afinal, eles tinham que saber qual campainha tocar para poder entrar” – conclui Mawil, de forma bem humorada.

Ele ainda conta que o seu professor gostou tanto de uma de suas histórias – “Sobre a procura de uma república estudantil para três” - que resolveu aceitar essa HQ como trabalho de conclusão do curso (TCC).

O primeiro livro de Mawil, "Alltagsspionage" (Espionagem do cotidiano),
publicado em 2001, em parceria com colegas da faculdade. 

O livro “Operation Lackerli”, publicado em 2004, foi criado a partir de um convite que Mawil recebeu para retratar a história de um rio da Basileia que, de tão limpo, dá para se tomar banho. As pessoas que lá frequentam costumam subir de biquíni e, após banharem-se no rio, vestem as roupas que estão na mochila. O forte do livro é que os participantes fizeram suas autobiografias, pois cada um trabalhou conforme a sua visão para poder retratar a Basileia, cidade do noroeste da Suíça.

Autobiografia e identidade

Mawil afirma que faz todos os trabalhos de memória. Os amigos que aparecem nas histórias são autobiográficos. No seu estilo peculiar, ele diz que se quiser retratar Paris, por exemplo, não há a necessidade de colocar a Torre Eiffel atrás. Ele prefere observar o jeito das pessoas, os movimentos, ônibus passando, etc.

Com relação aos quadrinhos na Alemanha, Mawil finaliza dizendo que, apesar dos alemães terem sofrido forte influência dos japoneses e americanos, agora as suas escolas já têm a sua própria identidade. Além dos desenhistas virem das Escolas de Belas Artes, eles contam muito com a força do Goeth-Institut, que muito contribui para propagar esses trabalhos, com maior qualidade.

    Mawil (centro), acompanhado da intérprete e de Reinhard Sauer (dir.) 
No telão, o livro “Operation Lackerli”, encomendado pela Basileia, após o sucesso do primeiro livro.
Fotos: Julmara Mendes

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