quarta-feira, 16 de abril de 2014

Comédia discute a morte e outros medos da humanidade

Cena do espetáculo "Cordel de morte morrida (e às vezes matada)”
Por Mayara Cardoso

Apresentada na manhã do dia 29 de março, na Praça Rui Barbosa, a peça de rua “Cordel de morte morrida (e às vezes matada)”, é uma comédia que se passa numa cidade bem distante, onde aconteceu uma tragédia. “Quem matou James Garcia?” Na trama, há quatro suspeitos: a viúva, a sobrinha, a médica e a mística. Elas contam suas histórias ao público, que decide ao final qual delas o matou. A comédia brinca com o medo e abusa de frases que levam o público a refletir. 

Patrícia Dutra e a prima, Camila Bernardes.
A peça carioca está no Festival de Teatro de Curitiba pela segunda vez. A primeira foi em 2013, com elenco diferente. A atriz Luciana Ezarani é autora do texto, diretora e também criadora do grupo teatral “As Lucianas”. Ela conta a alegria de estar pela oitava vez em Curitiba e diz que sempre procura estrear suas peças na capital paranaense. “Aqui tem um público muito receptivo, inteligente e cultural”.

A advogada Patrícia Dutra, 41 anos, diz que o teatro tem grande importância, principalmente em levar cultura ao povo. Por isso, costuma marcar presença em vários espetáculos do Festival de Curitiba. Em 2013, ela conferiu quatro apresentações. “No Brasil, o acesso à cultura é precário e o festival é democrático e verdadeiro”. Amante de teatro, Patrícia convidou a prima, Camila Bernardes, 23 anos, de Joinville, para vir a Curitiba no final de semana e assistir algumas peças do evento.

Trama

“Cordel de morte morrida (e às vezes matada)” é uma peça muito alegre, que interage com o público e possui muita música e dança, apesar do tema pesado, que nos leva a refletir sobre a morte. O começo da peça mostra James Garcia, um homem charmoso e mulherengo, que costumava bancar a vítima e jurava amor eterno para todas as mulheres. Numa sexta-feira 13, ele visitou uma mística e descobriu, pelas cartas, que tinha apenas 13 horas, 13 minutos e 13 segundos de vida. 

Cena do espetáculo "Cordel de morte morrida (e às vezes matada)”

A primeira suspeita é a exibida viúva, que assim como o marido, se faz de vítima o tempo todo. A personagem esteve na cadeia por outros crimes, que segundo ela, não cometeu. A segunda suspeita é a médica, uma potencialmente mulher má. Em sua história, a vilã conta que James não quis tomar o remédio, então pegou a seringa e ele desmaiou, por que não podia ver sangue. 

A terceira no banco dos réus é a mística, uma mulher misteriosa e compara sua vida a um livro aberto. Foi ela quem deu a notícia de que faltava pouco tempo para sua morte. A última suspeita é a criança, uma menininha dócil e sobrinha de James. A menina conta que o tio sempre lhe assustava com histórias para dormir. Por isso, certo dia ela se vingou e trancou o tio para fora de casa. 

Elenco

O ator Vinicius Mousinho.
Nascido em João Pessoa, na Paraíba, o ator Vinicius Mousinho, 28 anos, estreou na peça no sábado (29) e participou do seu primeiro festival. O artista, que tem participações no cinema, conta que a experiência no teatro de rua é sensacional. “O calor do público e a resposta imediata de suas emoções são muito diferentes do que vivemos no cinema”. 

Ele atua desde os 17 anos, quando entrou numa peça da escola para “cobrir buraco”. Foi paixão à primeira vista. O ator mudou-se para o Rio de Janeiro e há três meses estuda teatro na cidade maravilhosa. 

Mousinho afirma que o teatro de rua traz uma magia para as pessoas e gratuitamente. “Com o teatro de rua, todos tem acesso à cultura. Quando veríamos um morador de rua dentro de um teatro?” 

Veja mais fotos do espetáculo: 

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