terça-feira, 22 de abril de 2014

Uma vida inteira quebrando pedras e plantando flores!


Cena do espetáculo Cora Coralina.
 Grupo teatral paulista reproduz a vida e as obras de Cora Coralina no Festival de Teatro de Curitiba

Por Julmara Mendes


A última apresentação do monólogo “Cora Coralina”, em 6 de abril, ocorreu no SEEC – Auditório Brasílio Itiberê. Na ocasião, o público demonstrou a satisfação em assistir ao espetáculo com uma longa salva de palmas. A atriz Ana Maturano foi ovacionada de pé pelo público presente.

A peça conta, em uma verdadeira viagem através da poesia, como Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas - nome de batismo de Cora Coralina - retornou à sua cidade natal após 45 anos. Um cenário simples, que retrata uma casa do final do século XIX, contrasta com as projeções de vídeo ao longo da apresentação através de uma tela que separa a plateia e o palco. 

Maria Lucia e o marido Paulo Jorge.
Desta forma, o espetáculo cria um clima de magia, com uma mistura de realidade e fantasia que encanta o espectador: “Excelente! Muito bem elaborada e conduzida, com textos da própria Cora. Fez com que me sentisse na sala da escritora, conversando com ela sobre sua obra e sua vida”, afirma a farmacêutica Maria Lúcia Jorge, 53.

De Jacareí para Curitiba 

A Cia Teatro do Interior foi fundada em 2008, na cidade de Jacareí, em São Paulo. A peça utiliza apenas textos, entremeados com as poesias da autora. Isso faz com que as pessoas que conhecem os trabalhos de Cora Coralina os reconheçam de imediato ou então, para os que desconhecem as obras dela, quando assistem à apresentação, acabam por conhecê-las. 

Aos 58 anos, Ana Maturano é a atriz que interpreta Cora Coralina. Técnica de Agropecuária e Tecnóloga em Gestão Ambiental, Ana trabalha na prefeitura de Jacareí e atua na Cia Teatro do Interior somente à noite e em fins de semana. “Todos os dias eu falo pelo menos uma vez o texto todo sozinha, em casa, para não esquecer”, conta ela, matando a curiosidade de todos os que se admiram ao vê-la falar - sozinha e quase sem parar - por cerca de 80 minutos. 
Ana Maturano, na escura sala em que Cora escrevia.

Os textos e poesias recitados durante a peça se completam com os efeitos multimidiáticos apresentados a cada episódio da vida da poetisa. Ao final, o público é presenteado com uma “experiência multisensorial” - conforme definição dos próprios organizadores do grupo teatral – e é considerada uma grata surpresa para quem assiste. 

Por isso, a reação do público não poderia ser diferente, ante a beleza e a forma singela com que a vida de Cora Coralina é retratada. A dica é que vale muito à pena conferir este espetáculo. Para ovacionar, de pé, o talento da companhia paulista. 

  
Curiosidades sobre Cora Coralina:


Inventou o dia do vizinho.
Foi uma das primeiras mulheres brasileiras a usar o “eu feminino” em suas poesias.
E a utilizar a poesia branca, sem rimas, antes do modernismo.
Cora Coralina escreveu o seu próprio epitáfio.
Instituto Agronômico de Campinas, numa ação conjunta com a Agrícola da Ilha, de Joinville, batizou uma flor em sua homenagem: a Hemero-callis Cora Coralina.
Existe também uma mariposa com seu nome, descoberta por Nirton Tangerini – entomólogo de Goiás – a Molippa coracoralinae.

Fonte: Cia Teatro do Interior

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