terça-feira, 8 de abril de 2014

Mefisto: a arte do desconforto

Cena do espetáculo Mefisto.
 Com poucas cenas e efeitos, peça consegue provocar os mais variados tipos de náuseas

Por Camile Kogus
 
Ao assistir a peça Mefisto, a primeira sensação que tive foi uma extrema vontade de vomitar. O barulho agudo, a escuridão profunda, e a imagem de um homem respirando gás tóxico, por algum motivo, me deixaram com uma sensação de náusea gigantesca. Me deixar desconfortável é uma tarefa difícil, pois já assisti aos filmes "Centopéia Humana" e "Hannibal - A Origem", sem sequer ficar enjoada, mas Mefisto me deixou desse jeito.
 
A peça foi exibida durante o Festival de Teatro de Curitiba 2014, no dia 30 de março, no Teatro Londrina. Pela linguagem hermética, era difícil entender muitos elementos além da referência ao nazismo, mas o que chamou a atenção foram as sensações causadas em 40 minutos de apresentação.
 
Cena do espetáculo Mefisto.
Em total breu, as cenas aparentemente sem nexo ou ligação alguma causam diferentes tipos de desconfortos. A sensação de ser observada, náuseas, nojo, desorientação, tudo isso eu senti naqueles intermináveis 40 minutos, e no fim, a peça acabou tão inesperadamente quanto começou. Segundo Marcelo Ferreira, diretor da peça, essa é justamente a intenção, trabalhar com metáforas baseadas nas obras “Mephisto”, de Klaus Mann, “Fausto”, de Goethe, e à coreografia homônima de Magno Godoy de 1987. "Eu parti dessas referências,  mas não queria fazer um roteirinho e segui-lo. A intenção é trabalhar com as imagens metafóricas", afirma Ferreira.
 
Para a estudante de teatro Mariane Cristine da Silva, de 18 anos, a peça serviu para conhecer outros estilos teatrais. "Essa peça não faz muito o meu estilo, mas eu vim vê-la justamente para inovar um pouco o conteúdo que eu já conheço. Não entendi muita coisa, mas achei muito bacana a montagem do espetáculo, os detalhes, a estrutura do em si".
 
Apesar da decepção de não ter entendido a peça, gostei de ter a oportunidade de conhecer outros estilos cênicos de apresentação, mas continuo preferindo espetáculos que não me dêem vontade de sair correndo em direção a um banheiro para vomitar.
 
Cena do espetáculo Mefisto.

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