quinta-feira, 17 de julho de 2014

Andrei Moscheto: em busca da linguagem universal do humor

Diretor do grupo Antropofocus relembra a sua trajetória e revela espanto e orgulho do "filho adolescente"

Por Guiherme Pinheiro

Foto: divulgação


Pipoca era o nome da primeira personagem criada por Andrei Moscheto, aos oito anos. O porquinho tinha a função de contar a história das aventuras de seu amigo jacaré, que morava no Pantanal. A peça idealizada pelo então artista mirim fazia parte de um concurso de talentos do colégio onde estudava, em Joinville. Para sua surpresa, foi escolhido para se apresentar na abertura do evento. “Para adultos, aquele poderia ser um momento de preocupação ou ansiedade, mas eu sou, pensei, poxa, eu sou o primeiro”.

Em casa, planejou a construção da cena e figurino. As risadas e aplausos que a peça provocou nos espectadores foram a fagulha inicial para a busca do aprimoramento de Andrei no mundo artístico. Foi o choro emocionado de alegria da mãe e da professora, principais apoiadoras do projeto, no entanto, a lenha que de fato acendeu a chama de desejo do futuro professional.

Em Curitiba, o gosto pelo palco aumentou na forma de participação em corais da escola Ligia Vasconcellos e, posteriormente, no Colégio Medianeira, onde também se voluntariou, com sucesso, para a participação em papeis extras de peças teatrais. “O efeito da resposta da plateia na gente é muito forte”. A partir daí, a participação em workshops e cursos foram só uma consequência dessa fixação pelo tema, que culminou com a criação do grupo de teatro Antropofocus, em 2000.

O ‘filho adolescente’ está prestes a completar 14 anos, motivo de espanto e orgulho para Andrei. “É incrível poder trabalhar com um grupo colaborativo durante tanto tempo, que ainda está ativo e buscando melhorar e criar novas produções”. Do Antropofocus, já nasceram nove peças: Amores & Sacanagens Urbanas, Pequenas Caquinhas, Estereotipacionices, Dimensão Desconhecida, Porcus, Contos Proibidos de Antropofocus, Improfocus, RESTA 1 e Não se preocupe: é APENAS o fim do mundo.

Em 2008, iniciou um relacionamento com a atriz e comediante Anne Celli, que três anos antes havia ingressado como a primeira integrante feminina do grupo. O casal não tem dúvidas de como definir o período inicial de convivência. “A gente se odiava”, Anne recorda. O sentimento mútuo vinha ainda da época de faculdade, quando os dois cursavam Artes Cênicas na Faculdade de Artes do Paraná [atualmente, a FAP integra a Universidade Estadual do Paraná, sendo considerada um campus da UNESPAR].


“Fora do palco, eu falo palavrão pra caralho”, mas nele, Andrei e seus companheiros de cena decidiram evitar aquilo que caracterizam como um truque para fazer o público rir, quando o que queriam era provocar o riso pela qualidade das cenas. As mentes mais poluídas, por exemplo, podem acabar decepcionadas com Amores & Sacanagens Urbanas ao descobrirem que não há assim tanta malícia nas sacanagens a que o Antropofocus se propõe a apresentar, sem que necessariamente se perca em humor.

Nos planos, está a mudança para uma sede maior em Curitiba, para abrigar, além do grupo, outros profissionais e amadores das artes cênicas, com a promoção de cursos de teatro e improvise. Além disso, Andrei busca saltos maiores e a internacionalização do Antropofocus através da linguagem universal do humor.  “O que queremos é continuar crescendo de Curitiba para o Brasil, de Curitiba para o mundo”.

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