terça-feira, 9 de setembro de 2014

Mesa discute publicação autoral e mercado independente de histórias em quadrinhos

Da esquerda para a direita: André Caliman, Marcelo d'Salete, Marcelo
Quintanilha, Rafael Coutinho, Lauro Ferreira, Danilo Beyruth e Fábio Moon.

Debate conduzido pelo jornalista Paulo Ramos tinha os convidados André Caliman, Danilo Beyruth, Rafael Coutinho, Laudo Ferreira, Fábio Moon, Marcello Quintanilha e Marcelo d’Salete. Autores divergem sobre o futuro da profissão, mercado editorial e o processo de convergência para o ambiente on-line

Texto e fotos de Fernando Garcel

Como quadrinista autoral, a principal dificuldade do artista é ser encontrado pelo público. Hoje, o contato ocorre pela internet, por meio do Facebook, que se tornou o principal caminho para divulgação de seus trabalhos. Essa aproximação, porém, resulta em um nível de exposição que não ocorria antes.

O tema foi o centro de um debate sobre a produção autoral e a cena independente de HQs no Brasil durante a Gibicon - Convenção Internacional de Quadrinhos. O bate-papo reuniu os autores André Caliman, Danilo Beyruth, Rafael Coutinho, Laudo Ferreira, Fábio Moon, Marcello Quintanilha e Marcelo d’Salete. A mediação foi do jornalista Paulo Ramos.

O artista está se tornando a marca de si mesmo e isso requer maior cuidado em suas publicações. “É raro ver algum quadrinista trazendo à tona assuntos polêmicos, o que era comum nos anos 80”, diz Rafael Coutinho, ao enfatizar a autocensura que está amordaçando os artistas deste mercado. O tema já foi discutido em outra mesa na Gibicon deste ano.

Autores discutem o futuro do mercado de quadrinhos independente.

O mercado editorial no Brasil está em crise e isso afeta também quem produz quadrinhos. Hoje, quem quer ser autoral precisa recorrer ao crowdfunding ou às editoras mais liberais.Segundo Fábio Moon, as empresas de editoração deveriam se tornar estruturas para o artista na cena independente. Rafael Coutinho, que lançou suas produções via Catarse, sistema de crownfunding on-line, contou que sentiu na pele a falta de estrutura que certamente uma editora teria. Conhecer o público, ter contato com livrarias, escoar a produção e ter os dados desse processo requer muito tempo e logística.

Incentivos

Marcelo D’Salete foi contemplado com o apoio do PROAC (Programa de Ação Cultural) e chegou a Editora Veneta com um prêmio de quarenta mil reais para publicação de sua HQ. As leis do incentivo movimentam o mercado nacional, pois maior parte das publicações que ocorreram no último ano foi de projetos premiados. As editoras já recebem um trabalho finalizado, financiado e devem apenas editar o necessário e escoar a produção.


Para autores, o mercado de quadrinhos depende da estrutura de uma editora.
Futuro

Segundo David Lloyd, a convergência para o ambiente on-line é o futuro da profissão e para isso é necessário que o público desapegue do papel. Durante o debate o tema foi abordado e gerou opiniões diversas. O material produzido pelos convidados é, em sua grande maioria, de produtos com acabamentos diferenciados e distribuídos em livrarias.

O público ainda está apegado com esse acabamento de luxo e a migração para o ambiente virtual tende a crescer, mas de forma lenta. Em nenhum lugar do mundo os quadrinhos on-line se destacam sobre as versões físicas.

Outro problema debatido pela mesa é a rentabilidade do processo. Hoje o quadrinista recebe 10% do total vendido no impresso, o restante fica com a editora devido aos processos de publicação e distribuição. Os contratos mais recentes apostam nas publicações on-line da mesma forma, o que torna desproporcional a quantidade de trabalho e os lucros do artista.

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