segunda-feira, 15 de setembro de 2014

"Felizmente, o mercado tem se aproveitado do burburinho da Graphic MSP", diz Sidney Gusman

Sidney Gusman é entrevistado pela equipe do Capital Cultura. 
Por Giovanna Tortato




O projeto Graphic MSP está mudando o cenário dos quadrinhos nacionais. A HQ Turma da Mônica - Laços, lançada em 2013, se tornou um fenômeno de vendas e hoje é o título mais vendido da história da nona arte no Brasil. A seguir, Sidney Gusman, jornalista e editor do projeto que reinventa os personagens criados por Maurício de Sousa, comenta sobre o futuro e a repercussão dessa leva de quadrinhos ao Capital Cultura

Antes de mais nada, durante a palestra você falou que o projeto era muito grande para ficar só no papel. Isso tem um duplo sentido?

Tem vários sentidos, duplos, triplos (risos). É isso, sair do gibi. 

E para quais formatos? Ou estou sendo muito ambiciosa em achar que você vai me contar?
Tá, tá (mais risos). Daí vai ter que esperar pra ver mesmo.

As Graphic Novels foram pensadas para o público mais velho, que acompanha há anos a Turma da Mônica. Mas como ficam as crianças de hoje? Você acha que esses novos fãs vão migrar direto para esses produtos?

Já está acontecendo e é incrível. Tem uma galera já, criança, molecada acompanhando. A interação entre os dois produtos [gibis e Graphic Novel] não poderia ter sido melhor possível. Isso é o melhor dos mundos, porque eu obviamente miro num leitor mais adulto, juvenil-adulto, mas a criança consegue ler e entender. Claro que não vai ter a compreensão de, por exemplo, pegar um easter egg na Turma da Mônica – Laços. Mas isso eu vou pegar, você vai pegar e aí quando ela crescer e fizer a segunda, décima, vigésima leitura ela vai falar “caramba, eu não tinha visto isso quando era criança”. Então isso é o mais saboroso do projeto.

As crianças [e todo mundo na verdade] leem Turma da Mônica. Os adolescentes leem Turma da Mônica Jovem. Agora, os adultos que quiserem algo mais sério e podem continuar a consumir os mesmos personagens num formato mais sério. É um ciclo sem fim?

É isso. Nós temos personagens que oferecem essa possibilidade, que podem ter suas histórias contadas para qualquer público. Porque não explorar essa possibilidade? Daí vem o meu trabalho de jornalista e de editor, de saber direcionar o material para essa linha.

Para mim, o mais interessante do projeto é exatamente isso. Vocês lançam e ganham esse reconhecimento instantâneo... 

O legal é isso, a pessoa começa lendo as Graphic Novels MSP, mas ela começa a se interessar por quadrinhos. Aquela ideia do “Peraí, tem mais quadrinho pra mim?” Tem! E aí o pessoal vai começar a descobrir outros quadrinhos e aí felizmente o mercado tem se aproveitado desse burburinho da Graphic MSP. Qual seria o “caminho natural”? O mercado independente ia odiar o Sidney. Pô, o cara fica fazendo quadrinho comercial. Pelo contrário! Os caras tão mais e mais motivados a fazer produtos, até porque eles querem me mostrar, pra dizer “olha, eu tô aqui, olha pra mim”. E eu tô de olho. Eu sou um editor que eu passo em todos os estandes, eu olho o que os caras tão produzindo e quando eu convido é porque eu sei que eles tão prontos. A Lu Cafaggi não participou de nenhum MSP 50, ela pensava que eu não gostava do trabalho dela. Não, ela só não estava pronta. Quando foi no “Laços” ela estava madura e ela teria o irmão junto para orientá-la. Então o papel é esse, é direcionar o artista para o que ele pode fazer de melhor, eles são talentosos demais só tenho que corrigir o rumo.

E falando de eventos do universo “geek e nerd”, o que esperar da Comic Con Experience que vamos receber no Brasil?

O interessante é o seguinte, nós temos dois grandes eventos de quadrinhos no Brasil: o FIQ e o Gibicon. Grandes eventos! Só que a gente não tem um evento de cultura nerd, que é o que são as ComicCons americanas, isso é o que vai acontecer agora, vai vir gente de seriado, vai vir gente de filme, de tudo que é mídia. E a interação com os quadrinhistas é ótima, porque antigamente era um gueto. Quem lia quadrinho não gostava de game, quem gostava de game não gostava de cinema, agora tá todo mundo junto e todo mundo tá aqui. Ah, o cara é gamer, mas ele pega um quadrinho e “poxa, não conhecia isso aqui”. E aí o cara começa a ver outras coisas. Então hoje a abrangência nerd e geek é enorme, vai ser fantástico trazer esse evento pra cá, torço muito para que dê certo. 

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